100nada

o RGPD e não sei quê

Em 1999 o mundo ia acabar. Estava a chegar o ano 2000 e o vírus y2k, um bug que ia explodir em todos os sistemas porque lhes faltava um contador a virar um número e voltaria ao zero. Ou coisa parecida. A histeria foi geral, íamos todos regredir à idade da pedra, isto se o bug não rebentasse os mísseis, os microondas e o universo praticamente todo.

Por esta altura, véspera da aplicação de um Regulamento que já vem de 2016 ou assim e que por sua vez vem de outra altura qualquer, a histeria é parecida. De hoje para amanhã ou depois, ou se responde a centenas de e-mails e sms ou OS NOSSOS DADOS SÃO APAGADOS! É o fim do mundo ou pelo menos parece, já que o universo é feito de dados e eles “andem” aí perdidos por todo o lado, a explodir em servidores. De repente toda a gente recebe comunicações a avisar que eles têm os nossos dados e precisamos de dizer que sim, ou não, ou não fazer nada ou preencher um questionário de 20 páginas, consoante não o tamanho ou dimensão ou quantidade de dados que aquela entidade tem nossos, mas ao sabor da interpretação do desgracado do lado de lá, imerso em legislação comunitária daquela ilegível e vídeos do YouTube. Está metade do país a perguntar como é que se faz esta merda e 100% das pessoas à hora de almoço já gastou a bateria do telemóvel e o tempo todo a ler e responder (ou não) àquele dilúvio de pedidos. Um inferno e cada vez que respondemos, confirmamos que sim, somos nós, naquele número, endereço, o que for que eu desconfio muito destas cenas (mas sim, quero continuar a receber as vossas promoções, claro).
Eu sou toda pela protecção de dados. Toda. Acho que faz todo o sentido proteger a população dela própria. Num mundo onde toda a gente espeta a cara (já para não falar no rabo), as paisagens, os gostos, os hábitos, os horários, os percursos, é sempre bom é lógico que haja a preocupação que tudo o que uma pessoa, usando o seu livre arbítrio (e discernimento ou falta dele) decide colocar na net, seja protegido. E mais o resto que também decide informar, sem ser na net. Assim ninguém mais usa. Porque há um regulamento.
Um R E G U L A M E N T O.
Certo.

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