100nada

Os comboios

que a Duende nos ofereceu (e todos os comentários ao post) lembraram-me um filme da minha infância. Ou o filme da minha infância.

Onde passei alguns anos da minha vida, na idade entre a infância crescidinha e a pré-adolescência, não havia televisão. Uma ida ao cinema era um acontecimento. Também não havia assim tantos filmes para crianças…fui ver um dia um filme que só me lembro do nome em português: ‘O comboio que levava saudades’. Mas, se só me lembro do nome, do filme continuo a lembrar-me tão claramente como se o tivesse acabado de ver agora e não há…muitos…anos (não digo quantos, que atrofio metade dos leitores deste blog…). Uns miúdos. Alguém vai para a guerra (ou é preso). E eles todos os dias dizem adeus ao comboio, para mandar saudades a esse alguém. Depois há umas aventuras, etc e tal, mas essa ideia, a de mandar saudades com um lenço, todos os dias, o comboio como o elo de ligação com a pessoa de quem sentem a falta…essa ideia é que é a ideia de que me lembro. É uma coisa muito simples, mas creio que é qualquer coisa que nos acontece a todos: existir alguma coisa material (um comboio, um começo de uma estrada, um aeroporto, um porto, um caminho) que nos liga a quem temos saudades, por sabermos que por ali, se seguíssemos aquele caminho, encontravamos quem nos faz falta.

0 thoughts on “Os comboios

  1. Naza

    É por isso que mesmo os caminhos, mesmo sem certezas, valem a pena, valem sempre a pena. Mesmo que não se encontre quem partiu…encontramos sempre quem chegou á mesma estação. Talvez seja esse o segredo de todos os caminhos, haverá sempre quem parte. E haverá sempre quem chegue. :)

  2. Maré

    Bem, parece que o combóio vai tendo é cada vez mais carruagens 😉 Confesso que fugi para aqui que o outro em vez de sonhos não tarda se adormecesse tinha era pesadelos e ainda acordava com a bagagem na mona e a Linda agarrada ao Toni em emoções carnavalescas e eu tinha q puxar do lenço e fungar.
    “Há quem olhe pela janela inquieta, tresloucada de velocidade. O olhar não pára mais do que os breves segundos que a captação humana permite… Paisagens feito gazelas, envolvem num misto de voo corrido o que foi ficando para trás e o mistério do que pode surgir…
    E há sorrisos que brilham no olhar, sem que uma só expressão os denuncie!
    Uma viagem meditada a terminar numa qualquer estação que se aproxima com as rodas firmes nos carris… ” Saudades que partem e voltam em cada viagem volvida. Beijinho sem lenço branco a acenar que eu cá vou voltar :)