100nada

Quero uma operação às mamas

Não há cá paninhos quentes. Nem no título, nem no tema, nem no post. Porque não é com paninhos quentes que a coisa vai ao sítio depois de ter deixado de lá estar; não: é mesmo à lei da bala, ou da faca ou seja lá o que for preciso.

A gravidade e outras coisas acabadas em dade e começadas em i, são coisas lixadas e também não ajuda a parte tão bem ilustrada pela minha muito saudosa Etelvina que criou o meu menino, mudou os meus armários, arrumou roupa que nunca mais voltei a encontrar mas há-de estar na cave e, uns anos depois, ingressou nos quadros da empresa do marido para ter direito a uma pensão maior, reformou-se e nunca mais deu cavaco: “ai a menina é tão corajosa a dar de mamar noite e dia até aos seis meses! Vai ficar com isso tudo dependurado e olhe, depois nunca mais volta ao sítio!”.

Tinha razão.

Não tenho nada contra operações plásticas. Nada mesmo. Há uns anos fui a um cirurgião para me operar as pernas, um método novo, um tipo todo xpto, mas honesto: disse-me, eu operar opero, não sei é a quê. Admito que, nessa altura, a minha crise fosse mais de falta de peso (pesava uns 40 e poucos quilos), existencial portanto e não de carácter de urgência, como começa a ser agora. Mas não tenho absolutamente nada contra. Se a malta quer melhorar alguma coisa que acha que não está como deve ser, pois siga, melhore (ou piore, também se pode dar o caso e há que ter isso em conta), corte, aumente, diminua, o que for. Cada um sabe de si e, mesmo que não faça sentido nenhum (a criatura que pesa duzentos quilos e quer é operar o nariz torto porque isso é que a incomoda), o próprio é que sabe o que não quer que continue assim como está.

E comigo não cola o argumento do “ah que assim é falso e ao natural é que é” e essas merdas todas. Pamordeus, desde os tempos dos espartilhos e mais além que ninguém sai à rua ao total natural (salvo seja). A tipa mais escafiada do universo, que há-de achar que natural é que está a dar e não toma banho, não se depila e não pinta os brancos, aposto o que quiserem, há-de ter pelo menos 3 piercings em sítios pouco práticos. Não há grunho que se preze que não vinque as calças do fato de treino. Não há parolinha que não tenha feito madeixas loiras pelo menos uma vez na vida (eu incluída). E por aí adiante. Se as pessoas se preocupam com a imagem, porque raio hão-de traçar o risco entre o artifício superficial (aqui no sentido de na camada de cima, na protoderme por assim dizer) e o artifício mais, digamos, sustentável?

Confesso. Detesto espartilhos. Detesto-os. Aliás, é mais uma razão para o fora de sítio, vá, que uma vida de adolescente e senhora jovem a detestar espartilhos, também tem o seu preço, dizem, embora me pareça que a lei da gravidade, mesmo assim, tenha mais culpa. E, no fundo, os espartilhos também têm o seu preço, não é verdade? E não são baratos, os que apertam menos nos sítios que não devem: isto dos arames e dos suspensórios é tecnologia de ponta e obviamente não é uma ciência chinesa.

Mas realmente o que aqui interessa é a atitude. Tudo isto é uma questão de atitude. Uma pessoa de bem quer-se direita, recta, com espinha dorsal e de peito frente aos males (e maus) do mundo. É tudo muito lindo, mas depois vai-se a ver e, como é que se consegue esta postura firme, quando o teste do lápis passa ao teste do estojo com 24 canetas de feltro, 4 lapiseiras, uma borracha, um tubo de cola e dois afias? Não há atitude que resista. Há, evidentemente, espartilhos. Pois eu não quero ser espartilhada o resto da vida, enquanto assisto a quedas de Outono. Quero uma operação às mamas.

Preciso de um mealheiro.

17 thoughts on “Quero uma operação às mamas

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  6. Marta

    lol! muito bom, fartei me de rir! se quiseres sei do melhor da cidade, 4.000 euros! Compra o mealheiro, daqueles de barro que só se abrem partindo!

  7. não gosto de fast food

    e deixa-me dizer-te que essa tecnologia, por mais que a louvem, ainda está longe da perfeição. as mamas ficam sempre com um ar estrábico

  8. clara

    eu preciso é de um patrocínio. e n foi de gravidade nem de gravidez nem de amamentar nem nada. nasci assim, copa A. uma tristeza.

  9. Uma Senhora de Idade Que Passou Por Aqui

    Sôdona Cat, faxavor explicar melhor essa do teste do láp’s, e do estojo e do tubo de cola (pensava que o que usam é silicone), que eu cá é mais caneta de tinta permanente – sou d’outro tempo, como a Menina sabe…
    Bjinhos :)

  10. Crezia

    hahaha a evolução do teste é linda.
    Eu também acho que quem quer operar seja o que for, faça. Se é para se sentir melhor, é ir em frente.
    Quanto a mamas falsas e verdadeira, não querendo ser moralista, antes palhacito direi que aprendi com o Arsenio Hall há muitos anos que “men don’t care”. E arriscaria dizer que men era Men não soubesse que há muito ressabianço por aí.
    Ass: quem na Migacho teve de ouvir “ah esse tamanho não! Tem um peito tão grande!” (só me apetece escrever a dizer “esta senhora não fit the profile da vossa loja”)

  11. T

    humm, a foto no twitter engana, pois és magrela!
    se cai é de tanto teclar rsrsrsrs, a gravidade atua evidentemente, mas o que lá existe é mais gordura que musculatura! e pelo visto só exaurida do que trabalhada!
    mas se queres aumentar é a cola mesmo!
    Deve ser estranho, mas se gostas, o preço aí é inaceitável!
    mude de país!

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