100nada

Naufrágios ou a interpretação selvagem de um processo criativo alheio

(assim escrito, explico-me melhor)

Tens uma parte de abertura, de mar. Deduzo que seja mar, já que tem ondas, admitindo perfeitamente que pode não ser nada disso. Mas claro, traduzo para imagens mais corriqueiras, porque a não ser mar, teria que ser mais fora de bordo, galáxias a contorcerem-se ou coisa cerebrais que comunicam em frequências alternativas (muito Fringe, muito Fringe). Fique ondas e faça-se mar, mas a sério. Nada com menos de uma data de centenas de metros de profundidade, muito azul escuro, quase chumbo, é sério, não é dia de sol, mas também não é de chuva ou tempestade. Eu diria branco, céu branco e ondas sérias, um pouco o outro lado do zen mais normal, uma espécie de “nez” vá. Um gajo podia ali ficar uma data de tempo, desde que estivesse em cima de alguma coisa sólida, uma plataforma de petróleo ou parecido, barco? qual barco? Barco não porque

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barcos não se arriscam ali. É o aviso, lá está. Aquilo (o fora do contexto) é um aviso. E um gajo já sabe, ao segundo ou terceiro que está o caldo entornado e está lá mesmo um barco. Agora é vê-lo afundar (eu já sei que afunda, mas da primeira vez não sabia). E sim, é angustiante, essa parte, mas um bocado naquela, inevitável até (o que é fácil de dizer visto aqui de cima da plataforma de petróleo), isto é, não é triste, é só um bocado angustiante, um bocado inevitável e um bocado “tava ali o aviso atrás, agora azar”.

No fim, é só corpos a boiar e o som das almas a emitirem estática (ok, isto parece um bocado sinistro, mas não é; e, se não parecesse ainda mais sinistro eu dizer isto, diria que até tem um lado divertido).

3 thoughts on “Naufrágios ou a interpretação selvagem de um processo criativo alheio

  1. PreDatado

    Uma das mais engraçadas interpretações “do alheio” ouvi-a contar ao Ricardo Araújo Pereira sobre um poema de Adilia Lopes “os meus gatos gostam de brincar com as minhas baratas”. Mais tarde ele publicou numa das suas crónicas semanaia na Visão. Vale a pena ler. Infelizmente já não tenho a revista para te poder mandar uma cópia do texto.

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