6 anos de 100nada
Nunca me teria passado pela cabeça que ainda aqui se arrastaria o blog ao fim destes anos todos.
Mas é um facto – assustador, de alguma forma – que a coisa começou ali
e já só está ali registada, nessa máquina infernal que é o Wayback Machine, e que nos prova que nada desaparece na net, desde que se procure como deve ser, uma vez que apaguei o blog vezes sem conta e, aqui neste, os registos só estão publicados desde o tempo do weblog (Outubro de 2003).
Começou ali e lá foi andando, umas vezes apagado, umas vezes parado, umas vezes inspirado. De acordo com o registo do João Pedro Graça, sobre Os Blogs mais antigos – 2009, ainda em actividade, este tasco está em 60º lugar.
Um gajo tem que pensar nisto com seriedade. Abri a coisa, empurrada pelo meu Pigmalião da escrita, a pessoa que me deu asas para escrever e com quem aprendi – embora só tenha notado anos mais tarde – a olhar para a escrita (a dos outros, mas principalmente a minha) de forma irónica e exigente, notando e sublinhando todo o ridículo que uma escrita tem, quando se arma ao pingarelho e transformando-me eu mesma naquele que poderia ter sido um escritor extrarodinário (ele, não eu, nessa parte) mas escolhendo outro caminho, por horror à mediania, à quase mediocridade face aos melhores. É um facto que, nesse tempo – 6 anos são anos e anos de letrinhas juntas – eu pensava ainda que havia alguma coisa em mim que faria a diferença. E se calhar havia e há, mas sem esforço e muito trabalho, um gajo nunca vai lá, por mais talento que tenha. E eu, esta porra é por prazer, quando é, e depois percebi que, mesmo que fosse lá, nunca iria mesmo lá lá mesmo. Seria sempre mais aquela coisa do em terra de cego e tal. E para isso, sinceramente, não vale a pena o esforço. Para mim, claro. Não tenho nada contra quem se esforça, mesmo sabendo que não vai mesmo lá. Acho até admirável, assim à laia de D. Quixote ou coisa que o valha, mas não tenho feitio. Eu é mais bolos e escrita selvagem, sem grandes lacinhos e rendas, sem enfeites, crua de mim para comigo, ou para as minhas leitoras nas coisas de gajedo, ou seja para quem for que eventualmente me inspire no que escrevo. Ao fim de 6 anos, de mau feitio, de experiências colectivas, de artigos em revista, de tentativas de primeiros capítulos ou muito má poesia, sobra o mau feitio e uma certeza: eu sou blogger, ferozmente independente, incapaz de cumprir uma linha editorial, um prazo de entrega, qualquer coisa que me corte as asas. Aqui, a única pessoa que corta seja o que for sou eu mesma, que me corto em mim tudo o que me parece que não sou eu, ou tudo o que não me serve dentro das minhas exigências.
Dá que pensar – regressando ali acima, ao sobrevivente nº 60 – que ainda por aqui ande. Tenho a vaga ideia que, quando comecei, havia uns 500 blogs, ou coisa parecida. De acordo com o Blogs em pt do Pedro Fonseca, dois dias antes havia 468 blogs (10 dias mais tarde, 553). Lá está. Uma data de baixas, portanto. E isto ali só nos do começo…ao longo de 6 anos vi acabar dezenas, centenas de blogs que adorava. Vi desaparecer a Maria e a Duende, as duas pessoas mais importantes para mim em todos estes anos de blogsfera, que mais me deram delas mesmas e mais me empurraram para eu ser eu mesma, sem medos. É uma tristeza, mas também uma felicidade, ter conhecido estas pessoas. É uma felicidade ter conhecido outras que chegaram e ficaram e ainda aqui estão comigo, aqui e na minha vida.
Se calhar é por isso que ainda aqui estou. Isso e esta inesgotável vontade de escrever mais e mais dislates. Agora ficava-me mesmo bem dizer que estou aqui por vocês, os meus leitores e essas merdas, mas eu sou uma egoísta honesta: gosto muito dos meus leitores, são bestiais, os melhores leitores e comentadores de toda a blogsfera, sem qualquer dúvida; mas que não estivessem, eu provavelmente estaria aqui ou noutro lado qualquer, na disparataria global e total. Eu gosto disto. Gosto de ser blogger. Dá-me um gozo danado. E acho que é um privilégio poder escrever sobre tudo aquilo que me passa pela cabeça: essa liberdade quase absoluta, é isso que faz os blogs serem sítios bestiais e essenciais.
Há uns dias perguntaram-me se eu era viciada na net. Não, não sou, não saio de casa a meio da noite para comprar net e fumá-la. Mas se ficasse sem este meu tasco e todos os km de palavras que escrevi, era provável que tivesse a maior ressaca da minha vida. E, enquanto for assim, cá estou, um bocado envergonhada de estar há tanto tempo, um bocado feliz de ter aqui esta porra toda, enfim: foram 6 anos riquíssimos. Afinal digo obrigada, ora viram.
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Pingback: Catarina Campos
Parabéns, Catarina.
E obrigado pelos seis anos de partilha “desta porra toda”.
Muitos parabéns!!
E eu que ando a sentir-me um tanto cansada (até reduzi a produção diária…) vejo que afinal sou bem mais novinha. Mesmo assim já estou no 3º ano da blogspot mais o outro da weblog, e o tempo do Afixe, ando mesmo nos teus calcanhares…
E também não sou exactamente «viciada na net» mas faz-me uma falta do caraças. Por algum motivo, durante estes anos tenho escrito todos os dias… Tá bem, é um vício mas pequenino.
E também não será um vício mas um hábito enraizado, este de passar por aqui. Sabe-me bem. Continua sim?..
6 anos, já!? (‘medo’…)
Sem ponta de imaginação: ‘que venham mais seis!’.
E que continuemos por aqui, com o prazer de ‘visitar’ os amigos.
Parabéns!
continua, continua! parabéns
Já viste nós velhinhas com os netos aos berros à volta, em frente à lareira e de laptop no colo a celebrar os teus 25 anos de blog?
Vai ser giro.
LOL para a Clara!
Entranto, dislata away.
Parabéns Catarina, são seis anos de bem blogar com uma presença e uma marca muito tuas. Beijinhos.
E eu, que já ando nisto há quase três anos, não percebo como foi que nunca aqui aportei. Foi preciso a Mad noticiar o aniversário para vir conferir.
E vou voltar.
Um beijo… e parabéns!
6 anos são muitos anos! Parabéns e obrigada!
6?!
Chuac!!!!
Parabéns miúda! És a maior!
I’ll be back!
ah, dinossaura excelentíssima!!
toma lá um beijo!
Beijú com votos de muitos mais.
Agora no lugar certo, Parabéns, Catarina! Venham mais 6.
essa agora, não tem nada que agradecer
temos muito prazer em por aqui ir passando
xicoração
6 anos à janela é obra!! …
Acho que vou ficar com os polegares paralisados durante um mês…
Pingback: Aliciante » Blog Archive » Raramente escrevo sobre os outros…
Parabéns amiga
Eu é que tenho de te agradecer. Um grande beijo, querida, és a maior.
Obrigada a todos. A sério. Fico parva…beijos e abraços.
muitos parabéns Catarina. dá-lhe, dá-lhe que a gente gosta bem muito.
Bjs
eu há 4.
quando ca cheguei, a duende disse-me que era o melhor “blog feminino”. não sei se ainda é, mas uma coisa é certa: é sempre o primeiro da lista de todos os blogrollings :)))
beijocas e parabés.
Obrigada!
eia! Parabéns!
Continua a escrever, que eu (e mais) continuarei a ler.
:*
Boa tarde Catarina,
e parabéns.
& é muito ano. Espero que daqui a 6 ainda ande ( andemos ) por aqui.
Cumprimentos
Parabéns. Fico triste quando o vejo arrastar-se e alegre cada vez que ressuscita.
Parabéns Catovskya… 6 anos é obra
XinXin
Muitooooooooo atrasado, estive muito tempo “fora”, mas cá vai um grande beijinho de parabéns! Claro que já me fartei de rir com a “observação” do João Pedro Graça relativamente ao 100nada :p Espero que continues por muitos e bons anos.
14 anos 100nada é muito tempo e, no entanto, sobreviveste! Parabéns! Que contes muitos mais!