100nada

Uma explicação e um pedido de desculpas

Este 100nada é o meu blog. Onde escrevo aquilo que me passa pela cabeça. Muitas vezes sem pensar se alguém lerá. Será que isto é uma atitude correcta? Não sei, só sei ser assim e não faz sentido manter um blog destes se não fosse dessa forma.
Há uns dias escrevi um post que foi infeliz. Não retiro a ideia do que lá escrevi. Não é uma crítica a ninguém, nem a nada (a não ser ao circo do sensacionalismo). É, pura e simplesmente, a minha maneira de estar na vida: quando eu pifar, que seja de repente e a fazer algo que goste. Mas sou um bruta. Sou uma bruta a falar (não digo falecer, digo ‘pifar’, é uma expressão lá de casa, não é desrespeito, não é minimização, não é nada disso: é uma maneira de dizer as coisas, um pouco a brincar, um pouco à distância, talvez uma defesa. Não me interessa muito saber porque é que brinco com tudo o que é sério: creio que é para lhe retirar a solenidade, não sou pompa e circunstância, sou mais bolos mesmo e uma pessoa tem de se rir com tudo o que é muito sério e certo na vida: senão seria um vale de lágrimas constante e não adiantava muito). E sou muito muito brutal. Causo mágoa às pessoas, porque o facto de uma pessoa se rir com coisas sérias pode ser entendido como uma total indiferença e falta de respeito por uma data de coisas que para elas são importantes. Não é e quem me conhece sabe que não sou assim. Mas eu esqueço-me que isto é um blog, que tudo isto é virtual, que as pessoas só conhecem o que aqui lêem, a pateta de serviço. Esqueço-me que posso magoar pessoas de quem gosto, porque não sabem como eu sou na realidade. A essas pessoas, amigos e amigos virtuais, que se sentiram magoadas pelo que escrevi, o meu sincero pedido de desculpas.

0 thoughts on “Uma explicação e um pedido de desculpas

  1. Leonel Vicente

    Não é fácil falar sobre alguns temas, particularmente quando são tão sensíveis como o de assistir a uma morte “em directo”, da forma que foi.
    É verdade que houve alguma “exploração” da situação (inevitável?…lembremo-nos de Entre-os-Rios), mas o que a distingue das situações de todos os dias é precisamente o mediatismo, o “dar na televisão”.
    Como escrevi, ver aquilo em directo foi uma coisa que me “deixou a tremer” (com o imediato desespero dos colegas, percebemos logo o que tinha acontecido).
    Não sei se é possível fazer análises muito racionais destes casos.
    Acaba por ser normal que se tenha dito muita coisa que possa ser “mal interpretado”.
    Temos de “seguir em frente”…

  2. Maxou

    Catarina, eu destesto futebol. Nunca vi um jogo e nem sabia que o rapaz que foi agora a enterrar existia. É triste morrer alguém tão novo, é certo. Mas isto já me cheira a palhaçada; até parece que meio Portugal estava acostumado a beber café todos os dias com o homem. Serão estes sentimentos puros? Não me parece. Fanatismo, ou hipocrisia, talvez.
    Abram os jornais, olhem para a necrologia e chorem todos os jovens que morrem no dia-a-dia.
    E aproveitem esta onda de choro por um desconhecido para debaterem as condições dos atletas profissionais…
    Bises
    CC

  3. catarina

    Leonel, eu li o que escreveu. Um dos amigos virtuais a quem o meu pedido de desculpa se dirige era a si. A si, ao Nuno P., ao André da Caixa de Costura, a muitos amigos que de certeza ofendi e magoei. Quando vi o blog que o Nuno criou e quando li há pouco o comentário sentido do Bom Selvagem no Atípico, percebi que o mínimo era pedir desculpa por ter sido tão gauche no timming e na forma do meu post.

  4. catarina

    Maxou, eu também não tinha percebido. Nunca convivi de perto com adeptos do futebol. O comentário do Bom Selvagem é que me fez perceber. Acho que se pode traçar um paralelismo com a amizade virtual que nasce nestas coisas de net: nós lemos o que as pessoas escrevem, sentimos uma empatia, às tantas já gostamos delas, já são nossos amigos…e nunca os vimos. E até pode ser uma relação unilateral. Creio que essa empatia pode acontecer noutros campos, e creio que é isso que acontece nesse. Meio Portugal estava de facto habituado a tomar café com o homem, sim. Como eu ‘tomo café’ com os meus amigos virtuais aqui. Nunca tinha percebido isso até agora.

  5. Rita

    Já tive oportunidade de dizer isto noutros sítios; também eu quase fui cruxificada por causa deste assunto. Tive a má ideia de questionar e suspeitar da estranha morte do rapaz, no calor da emoção, o que caíu mal a muita gente. Mas olha Catarina, quando os ânimos arrefecerem e as pessoas “acordarem” pode ser que vejam as coisas com outros olhos.

  6. carlos a.a.

    Disse atrás e repito a nossa incapacidade intrínseca de integrar a morte na vida. É um facto antropologicamente escalpelizado, vide Claude Lévi-Strauss.
    Tinha 16 anos quando minha única irmã morreu. Foi talvez o dia em que no liceu fui mais folgazão. Ainda hoje não sei o porquê!
    Quanto à exploração do homem (porque é disso que se trata) nos meios de comunicação social nomeadamente na televisão julgo não ser necessário nada acrescentar.
    Eu não necessitava do teu pedido de desculpas, mas talvez tu precisasses da compreensão de quem diz conhecer-te através do que vens escrevendo.

  7. manuel marques

    Catarina, não me parece que tenha de pedir desculpa pelo que escreveu. Disse o que sentia e não foi incorrecta, antes expressou-se com muita lucidez.
    É necessário saber que, em sociedade, e nos blogs estamos em actividade social, é fundamental as pessoas serem suficientemente esclarecidas para compreenderem o que os outros desejam manifestar, o que sentem e como o dizem.
    O acontecimento que deu origem a toda esta polémica também promoveu muita “verve diarreica”
    A natureza é surpreendente; o rapaz tinha os seus dias acabados.
    Se é assim que se sente bem, Catarina, não altere o seu modo de estar na vida.
    Aceite um beijinho do seu amigo Manuel

  8. Titas

    Com o devido respeito pelo Féher e por todos os amantes de futebol, deixo o meu 1ª e único comentário sobre o assunto: A comunicação social está a explorar o assunto, a desgastar-nos até à medula, a fazer render a coisa até às últimas consequências sem respeito por ninguém numa espécie de tributo (tão falso!)a um pobre rapaz, por acaso jogador de futebol do SL Benfica (que, convém lembrar nem titular era!), que teve a infelicidade de morrer com as câmaras de TV apontadas na sua direcção.

    Chore o Benfica, o Porto e quem for, nunca lhe deram qualquer destaque, qualquer mérito futebolistico e agora esta encenação toda. Ainda nem resolveram o caso em tribunal, ainda nem acabaram de o negociar e já o perderam. Tantas guerras por ele, valeu a pena???!!!

    Quando morrer o Eusébio (espero que daqui a muitos anos) o que pensam fazer? feriado nacional com certeza!

    Deixem-se de palhaçadas e respeitem a morte de um jovem. Que era acima de tudo a sua condição.

  9. luísa

    o que deveria ser um exercício de libertação, começa a transformar-se numa série de constrangimentos e se é para isso não valerá a pena ter um blog. Acho que percebi tudo o que escreveste (neste caso sobre o Feher) e, concordando ou não (por acaso concordei), também acho que não tens nada que pedir desculpas. Não há nexexidade… quando escrevi “haja paciencia”, foi resultado dos insultos que li nos comentários…uma coisa (muito saudável) é discordar e opinar, outra coisa (muito idiota) é vir para aqui mandar vir…porque este se aproveitou disto para dizer aquilo e porque este não sei que mais…ó gente…haja paciência! beijinhos, amiga

  10. iced tea

    Fez muito bem em pedir desculpas. Pena foi não o ter feito mais cedo. Mas compreende-se, procurava protagonismo e teve-o.

    Iced Tea