Impressão
Neste momento, todos os blogs têm como último post algo sobre Miklos Feher. Nem sabia quem era. Agora já sei. Como diz o Xung, morreu enquanto fazia aquilo que gostava. A esta hora, morreu mais uma data de gente, mas nem toda terá tido essa sorte.
- Cavalheirismo
- Muita coisa para escrever
A esta hora há uma data de gente q se arma em ignorante, nao queiras ser mais um desses ignorantes
sem comentários para qualquer “humano” em “directo”
Não é que não tenha pena, tenho e muita. Era um rapaz novo, com tudo o que isso implica, faz-me uma enorme aflição. Mas relativizo, só isso.
De certeza que qualquer “morte” em “directo” sejá em qualquer area ou mundo é um sentimento muito forte. A vida não tem um stop é apenas aí a grande relatividade da vida
ok, ok, já me estou a sentir mesmo mal comigo mesma! Mas todas as mortes são aflitivas, todas. Talvez as ’em directo’ de alguém que era um ídolo, causem mais impacto…mas as outras, as mais discretas e menos mediáticas, não serão também causa de pena? Não têm essas pessoas famílias? Não será uma ‘sorte’ (tá bem, má escolha de palavra talvez, mas não arranjei outra) morrer a fazer o que mais se gosta? Era isso que quis dizer.
Não era um ídolo para mim, contudo é normal que pesa mais uma morte de uma pessoa que fez por um clube ou instituição sendo esta publica. Acho que não seria “sorte” uma morte em directo para a familia. Qualquer pessoa com impacto social é normal que seja louvado porque acredita, não é qualquer um que chega a alta-competição e talvez seja por isso a diferença das pessoas com uma vida calma e discreta, qualquer morte de qualquer classe é dolorosa, se começamos entrar por aí, quantas pessoas morrem em iraque? já pensas-te nisso? é doloroso mas o assustador é tornar-se uma banalidade!
O que me faz mais impressão é tratar-se de um jovem com uma filha com 2 semanas. E morrer daquela maneira, com um sorriso nos lábios, poucos segundos antes. É brutal, a maneira de repararmos o quão frágil somos!!!
Exactamente por pensar em todos os anónimos que a todas as horas morrem brutalmente, ekzan, é que é para mim quase obsceno que se dê tanto mediatismo a uma só…isso por um lado. Mas por outro, talvez seja assim que ‘reparamos o quão frágil somos’, como diz o Nelson, talvez seja de facto necessário ‘sentir’ algumas mortes, para reparar nas outras.
Catarina, há coisas que é melhor nem tentarmos dissecar. Aqui estava eu com uma amiga a falar da provável morte do Fehér e de como as imagens nos afectaram (porque foi realmente brutal se bem que costumo dizer que a do coração é sempre a mais limpa). Saí e quando volto, ela diz-me: o meu pai faleceu. Um dia digo seriamente qual é o meu blog de eleição. Beijinho. Boa noite.
Um beijinho muito grande para ti e para a tua amiga, Duende.
O que prova que nem na morte nem no nascimento somos iguais. Todas as mortes são de lamentar, e quando são assim, como se não fizessem sentido, ainda mais.
Mas nestas alturas eu penso mais nos outros todos que morreram antes do seu tempo, também sem sentido, e de que não se fala.
Se não fosse um futebolista conhecido, ninguém lamentava a morte dele – a não ser a família, se a tivesse.
Tantos que morreram à mesma hora, muitos deles também de forma estranha, e nenhum deles “valerá” uma gota de tinta, um parágrafo num blog.
Beijinho Duende.
Cat, o que escreveste é bem verdade. Se fosse a senhora que mora no 5ºEsquerdo não haveria tanto rebuliço… e as mortes no Congo??! e em Angola??!? e os sem-abrigo que morrem de frio e de fome nas ruas de Portugal??!
O meu blog não tem….
Só porque é do futebol?
Vi morrer, na guerra, jovens de 20 anos que não mereceram mais do que uma carta-modelo para a família.
Realmente o futebol embriaga!
eu diria mesmo…
… mais nenhum vai ter essa sorte. Eu também não sabia que existia; nem nenhum dos milhares de anónimos que morreram nas últimas horas, e que vão, esses sim, continuar ignorados. Para pessoas como nós, Catarina, só se nos atirássemos…
De qualquer modo, ver cair assim uma pessoa , e de um momento para o outro ficar inanimada, não faz pensar em como a vida é efémera?
o meu também não tem, e… o que mais assusta é a exploração mediática que se vai seguir. Morreu porquê ? Os médico foram competentes? E o secretário de estado que disse? E devia ter jogado? Tinha saído na noite anterior? Disse que não queria jogar e o Camacho obrigou-o?
Vai ser assim, vai ser triste, muito triste, mas é futebol e povo.
um ser humano morreu. o momento mais trágico da sua vida foi partilhado com um país inteiro. e os vossos bloguezinhos orgulham-se de não comentar – façam bom proveito. agora, cresçam e apareçam.
ou ainda sofrem de algum síndrome infantilóide? “o meu não tem… nha nha nha”.
tristes.
não sabia que ele tinha uma filha com duas semanas…tadinha. tenho sempre mais pena de quem fica do que quem vai (tratando-se de mortes rápidas, como a dele). quanto à polémica, confesso que acho natural e não muito escandaloso que se faça notícia da morte de pessoas que são conhecidas por tanta gente (eu também nunca tinha ouvido falar do Feher, mas eu não sou nada amiga de futebol)…o contrário é que seria estranho…?
outro beijinho, Duende
o curioso nesta história é haver pessoas que aproveitam a morte do rapaz para dizer que não ligam ao futebol, como se ele tivesse acabado de marcar o golo do ano e isso lhes fosse indiferente; triste.
Comentário ao comentário do iced tea:
o futebol é alguma coisa importante?
que diz a desportos como vela, golf, ténis; e atletismo, remo, natação?
E já agora quero dizer a esses senhores adeptos do futebol -espectáculo/negócio- que o falecido era imigrante a labutar pela vida, em igualdade de circunstâncias com outros imigrantes, igualmente qualificados, que trabalhavam na construção civil, tiveram acidentes de trabalho, e morreram.
E por estes cidadãos, além da família, alguém chorou?
ó 100nada desculpa usar o teu espaço pa trocar piropos…
um ser humano morreu, é triste sim, entretanto já outros desportistas morreram em circunstâncias semelhantes, mas nao eram futebolistas
já agora, iced, deves ter um blogozão não ?
Não está em causa a morte de uma pessoa. Não está em causa se eu tenho pena e lamento, com certeza que sim. Nem sequer está em causa a notícia, sendo uma figura pública, é natural que se dê a notícia. O que está em causa é o espectáculo, é o aproveitamento de um momento que deveria ser de reclusão e respeito para vender jornais, telejornais e aumentar audiências. Isso para mim é que é triste.
comentário ao ao sr manuel marques:
quer os senhores queiram quer não, o futebol é importante para muita gente; aproveitar a morte de um jogador para dizer o contrário revela apenas uma coisa: mau gosto; e não venham agora atalhar com a história triste de todos os desgraçados que morreram a patinar, a trabalhar ou em campo de batalha – não cola; tenham vergonha, be decent!
A comoção perante a morte varia consoante a proximidade, todos sabemos, a sentimental e a espacial e, é evidente que a televisão faz com que tudo se passe aqui mesmo, ao nosso lado! Contudo, há permanências, como a total incapacidade de nos manifestarmos perante o espactáculo da morte. Ou o silêncio ou o discurso manifestamente despropositado!
Estava a ver o jogo …
Sou sócio do benfica …
Sofri a perda de alguém muito próximo numa altura em que existiu um acontecimento mediático que levou muita gente a entrar num frenesim por pessoas que nunca tinham ouvido falar …
É chocante ver alguns dos comentários destas alimárias que escreveram aqui …
Podem não gosar de futebol … Podem não gostar do espaço que é dado ao futebol nas nossas notícias … Podem até dizer que há milhares de pessoas que morrem todos os dias, seja em Portugal, seja milhões em todo o mundo …
Agora tenham um pouco de decência e fechem essas cloacas se só têm canalhices para dizer …
Respeitem o sofrimento daqueles que pensam de forma diferente da vossa … Eu não sofri, apenas fiquei triste … Sofrer, sofrem as famílias, os amigos, os pais dos putos do cadaval, os entes dos que morrem nos acidentes de viacção, dos que sucubem nos hospitais, em casa ou em qualquer lado de morte natural ou de doença … Tenham é a decência de respeitar os outros …
para a senhora 100nada:
se, como diz, o momento deveria ser de reclusão, então porque não pensou duas vezes antes de escrever o despropósito que escreveu sobre a morte do jogador? Quis dar nas vistas? O Sr Carlos a.a. resumiu magistralmente o sucedido: “há permanências, como a total incapacidade de nos manifestarmos perante o espactáculo da morte. Ou o silêncio ou o discurso manifestamente despropositado!” Fique pois, senhora 100nada, com o despropósito do seu post/comentário, ou então peça desculpa à bloguesfera!
Iced
Estou 100% de acordo com os dois comentários do senhor Manuel Marques.
O futebol é uma actividade importante – e a construção civil? e a pirotecnia? … e tantas outras…
Não têm menos importância que o futebol, ao contrário do que os “doentes” nos querem fazer crer; não proporcionam espectáculo nem fornecem ídolos às massas, mas têm a mesma importância social.
E uma morte é igual a outra morte: é sempre o desaparecimento de um ser humano, com a dor e sofrimento dos que lhe estão próximos. Esta foi apenas mais espectacular, porque em directo. Quantos jovens e menos jovens morrem durante o trabalho?
Se o mesmo jovem tivesse morrido no balneário antes do jogo, o impacto seria outro – e diferente, se fosse após o jogo, ou no dia seguinte.
Sejam sensatos, senhores “futeboleiros”, ontem mesmo morreram dois jovens intoxicados com as emanações do esquentador; um casal ficou sem DOIS filhos ao mesmo tempo; alguém lhes sabe o nome? Onde viviam? Se a família tem dinheiro sequer para um funeral dos mais baratinhos?
haja paciência…
ok, atiro algo para o ar, porque uma paragem cardiaca aos 24anos nao e’ normal.
Anabolic Steroid Abuse:
[…]
Heart Problems: Use of anabolic steroids can lead to heart failure and death.
[…]
…existe alguma informacao a respeito desta possibilidade?
Eu não lhe chamaria sorte… A “morte em directo” e a forma como esta foi explorada parece-me tudo menos uma questão de sorte!
Foram as minhas palavras utilizadas por “Icedtea” para as dirigir somente à Catarina. Ora, não foi essa a minha intenção. O que escrevi foi, antes de meis para mim e depois, para todos. Apenas pretendi dizer que, volvodos estes milhões de anos de evolução do Homem, continuamos sem conseguir enquadrá-la na vida. É sempre inesperada, perturbadora, emocionalmente incontida, como se de uma hecatombe se tratasse. Ora, a permanência é esta, a de não conseguirmos, intrinsecamente, aceitar que ela é a primeira e única certeza do destino desta vida.