A Bússola Dourada
Este é um post que me dá mesmo gozo escrever.
Em 2000 e coiso, estava eu na Amazon.com à procura de coisas novas. Tinha uma lista de autores de ficção científica/fantasia que costumava ler e já estava a mandar vir uma data de livros mas, sem acesso às mesas e estantes do Waterstones ao (literal) virar da esquina, o que me restava era ir vendo o que saía e apostar naqueles que me pareciam bem.
Não conhecia aquele autor, Philip Pullman, mas a trilogia His Dark Materials tinha ganho prémios e a sinopse pareceu-me interessante. Encomendei.
(foi uma encomenda bestial. Ao mesmo tempo que o Philip Pullman, mandei vir também um pouco às cegas, outros que eram absolutamente extraordinários; encontrei a tradução na Bertrand a semana passada, lá irei, noutro post)
Só anos mais tarde é que percebi que aqueles livros eram para um público jovem. Estou para saber porquê, mas que eles gostam, gostam, mesmo que não entendam a parte complicadíssima da religião e da quase blasfémia que aquela obra é, para os católicos. Mas os livros e a história eram, sem sombra de dúvida, do melhor que li do género até hoje. De agarrar o leitor desde o primeiro volume (“The Northen Lights”, que nos EUA saiu com o título “The Golden Compass”, dando agora o nome ao filme) até´à última página do último. Brutal em algumas ideias, brutal na forma como não há personagens boas e más: há pessoas, há interesses e há escolhas. E há redenção, também, até ao último segundo. E castigo. Se a miudagem gosta, é bom que leia, porque está a anos-luz dos Harry Potters (que eu gosto imenso, atenção!).
Uns tempos depois, há dois ou três anos, vi que os livros tinham sido traduzidos para português. Muito mal traduzidos, diga-se. Para leitores de Harry Potter, bacalhau basta, que as traduções dos livros para adolescentes podem ser feitas com os pés, já que eles não sabem ler ou falar. Uma miséria esse nivelar por baixo mas, mesmo assim, ofereci-os ao meu sobrinho mais velho. A mana teve que os ler, para lhe explicar uma data de coisas e acabou por optar, na altura, dizer-lhe para saltar um capítulo ou outro, que o miúdo era capaz de se impressionar e não adiantava muito ao fio da narrativa.
Isto tudo para dizer que o meu sobrinho os adorou. E que, há uns dias, me mostrou um video na net de apresentação do filme. Eu, a leste, sem saber de nada. Contentíssima que a produção e os actores parecem muito bons. E ansiosa por ir ver. Mais do que o Senhor dos Anéis, muito mais. Devo ser dos poucos adultos em Portugal que leu aquela trilogia. Não sei o que é que estão à espera…
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his dark materials, gotcha
Eu sei, eu sei tu és Narniana e eu nunca fui. Com muita pena, desde que descobri. Estamos sempre a tempo pois é, mas em criança teria tido muito mais graça. Este ano quando vi a apresentação da Bússola e tive medo, medo de ter perdido mais uma emoção do género. Pois que a perdi mesmo, hã? Bestial lol Mas lá está, estou sempre a tempo que este Peter Pan que há em mim não me deixa. Eu não sei se é bom se é mau, mas que o gajo não me larga… Lá estarei já já a partir de dia 6.
eu outra adulta. li-os antes do teu sobrinho e depois andei a convencê-lo de que o primeiro capítulo era difícil de entrar, mas depois ficava agarrado. aliás, foi assim que aconteceu: li-lhe o princípio do livro em voz alta, como um “extra” no pré-sono, ao longo de dois ou três dias. e, em pouco tempo, ele já andava a vagar pela casa sempre agarrado aos livros.
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Olha que adultos a gostar de literatura juvenil não serão assim tão poucos como isso 😉
Aqui mais um