100nada

O moleskine antes do blog

E antes disso, os caderninhos de capa preta e folhas brancas lisas. Formato A4. Acho que foi isso que me fez comprar um moleskine. Ter o caderninho num formato mais portátil (que aliás é pequeno demais e não serve para muito mais senão para tirar notas, ou seja, não serve para nada e hei-de comprar um maior), ali sempre à mão, o elástico sempre a prender-se nas chaves de casa. O que acontece sempre nos dias em que numa mão estão equilibrados sete sacos de supermercado, a chuva corre pela cara e a voz repete agarra aqui o casaco da mãe e não largues!

O moleskine foi estreado antes da frase da primeira página. Ficou em branco, à espera de uma citação digna, um pensamento profundo, uma máxima para a vida (ou, pelo menos, da vida do moleskine). A frase apareceu numa história contada por uma das minhas amigas; a sobrinha de sete ou oito anos, deu-lhe o diário a ler. À mãe não mostrou, mas à tia escritora sim. E o que estava escrito numa das páginas era mais ou menos isto, sob a forma de monólogo:

P: Zanguei-me com a minha irmã (que é mais nova) e ela disse-me que a culpa era minha. Eu pedi desculpa e ela disse que não aceitava. Que hei-de fazer?
R: NÃO PENSES MAIS NISSO.

É a frase da primeira página do meu caderninho de capa preta (formato minimalista): a sabedoria de uma criança. Não me tenho dado nada mal com ela.

0 thoughts on “O moleskine antes do blog

  1. principiante

    Sou fanático por moleskines e outros caderninhos afins. Mas dos mais pequenos, sem elásticos nem formatos a4, porque a homenzarrada não gosta de encher os bolsos da mesma forma que o molherio enche o admirável mundo das bolsas que as gajas usam. Pequenino e sempre à mão, é assim que deve ser um moleskine e de preferência com linhas para a letra sair direitinha.

  2. penedo pereira

    Gostei…..
    Mas mais gostava de encontrar um desses caderninhos pretos…. já procurei…e só consigo mandar vir pela internet…. por acaso existe algum local aqui em Portugal onde o possa comprar (mais barato)? Em Lisboa?
    Obrigado,
    Penedo Pereira, Tiago