100nada

Ainda os elefantes voadores

Já lá vão, talvez sobre a ponta de Sagres, imagine-se que aterraram entretanto numa praia, num bosque ao lado; que deitaram umas árvores abaixo, comeram umas toneladas de folhas e esvaziaram uns rios (vamos imaginar que não estariam poluídos para efeitos literários) para que as forças não faltassem no caminho. Que ali da Fortaleza os tenham visto passar, todos trocados e fora da linha em subidas e voos picados na ventania. Já não são uns elefantes meio baralhados com os semáforos e os faróis dos carros, é madrugada e são elefantes felizes, a caminho de qualquer lado. O que um elefante precisa (não os outros mas estes, que precisam de tudo aquilo que quem os descreve achará que precisam) é de uma bússola, um rumo, de uma estrela polar ou de outra qualquer, até pode ser das que mudam de sítio; mas um elefante tem que saber orientar-se e as placas das estradas, convenhamos, vamos ali e já voltamos. Quando um gajo um elefante está a modos que perdido (nada disto tem a ver com uma certa segunda circular feita direitinha nas calmas, atenção!, não precisa de grande coisa, sinceramente. Um elefante está perdido como toda a gente fica perdida, engana-se e pensa que se perdeu em vez de continuar a andar até chegar a qualquer lado. Um gajo (ok um elefante) nunca se perde na realidade; basta qualquer coisa, até uma placa errada e vai dar a algum lado. Pode não ser o lado que se pretendia, mas é um lado, certo? É o que interessa, um lado.

– mas qual lado???
– tazai…
– não vamos começar.
– ok, também tenho sono.
– já viste bem o que escreveste?
– não, nem por isso…
– um lado, é o que interessa, um lado qualquer???
– ahn…
– isso era só para encher não era?
– era, por acaso, era…
– então não era um lado qualquer, pois não?
– er, não…
– era um lado específico.
– é sempre um lado específico…
– achas bem dar essas tangas aos leitores?
– eles não se importam…
– mas podem achar que é mesmo assim!
– não acham nada, são pessoas inteligentes…
– e os elefantes estão aí a fazer o quê?
– pareceu-me bem…
– como eram grandes enchiam muito espaço, tou mesmo a ver!
– hum.
– a ver se escreves sobre formigas…
– não me chateies.
– pois pois
– …
– amua sempre, viram?

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