100nada

Esta coisa das listas

Lá fui eu cuscar a lista dos devedores. Cuscar é o termo. Fui cuscar, com todas as letras e aqui o confesso. Fui cuscar, à boa maneira portuguesa, como toda a gente deve ter ido: ora deixa cá ver se conheço alguém daqui. Para meu grande espanto, os nomes eram todos desconhecidos e as empresas mais pareciam boticas de esquina de Onde Judas Perdeu as Botas. Da esquina, aliás, que Onde Judas Perdeu as Botas terá talvez duas ruas (uma coisa é certa: os vizinhos conhecerão esta gente).

Tanta tinta a correr sobre a fuga aos impostos e afinal era isto? Esta meia dúzia de pessoas que nunca apareceram em qualquer jornal ou revista cor de rosa e mais umas quantas chafaricas? Então todos os outros, os milhões que faltavam, foram todos pagos antes da ameaça de ver o seu bom nome espetado na net, para cuscos como eu irem lá ver? E os erros, quem é que os desfaz depois? E quem é que vai ler erratas?

Este assunto cheira a imensa coisa, toda ela desagradável. Cheira a ameaça medieval com pozinhos de justiça popular, cheira a incompetência por parte de quem sabe quem são os devedores mas não consegue usar os meios legais aos dispor para recuperar essas dívidas, cheira a falta de confiança nesse sistema de recuperação de dívidas pelo próprio sistema em si. Cheira a precedentes que não sei se quero saber onde irão parar.

Cheira a bananas, esta república de palhaços.

(também não me apetece conversas sobre este assunto, ando com mau feitio)