100nada

Carta Aberta ao Além

Caro Manda Nisto Tudo, na Vida e nas Coisas Todas do Mundo e do Universo,

Não é que me esteja a queixar, repare! Não tem problema nenhum e o modelo que me foi atribuido está perfeitamente ok, operacional dentro das limitações próprias e não me tem dado grandes desgostos. É evidente que, se formos ao detalhe, pois poderiam ter sido deixadas de fora hérnias discais e eu não me teria importado muito de ter sido contemplada com uma vesícula cujo prazo de validade fosse além dos quarenta anos, mas enfim: tudo isso é apenas corpo, ossos e carne e sangue e gordura e pele e miúdos, que se ultrapassa facilmente com muita meditação zen e alguns anti-inflamatórios.
Não.
Aquilo que aqui me traz, nesta pequena oração, tem mais a ver com a parte electrica da coisa. Ou electrónica, os bits e os códigos em placas microchipadas presas a uma porcaria cinzenta e nojenta, os impulsos de uns para os outros, essa tanga toda que um gajo traz acima do pescoço e não estou a falar do cabelo (mas já agora apresento aqui uma queixa formal quanto a essa parte: que me foi entregue com um engano a nível de côr e que me custa uma fortuna a emendar o erro todos os meses; mas adiante) na parte cerebral, portanto, era o que eu estava a dizer; não estou nada contente com isto: serve pois a presente para solicitar que, na próxima encarnação, juntamente com aqueles instintos básicos de respirar, olhar, comer, digerir, e perguntar para que serve isto que tenho na mão, virem já incorporados no modelo original alguns conhecimentos inatos de código html.
Era só isso; antecipadamente agradecida, subscrevo-me com os meus melhores cumprimentos e aproveito para lhe dizer que bem podia era tomar melhor conta desta porra toda, que só demorou seis dias para fazer e nota-se!