Olha, era isto mesmo.
Mas a Hipatia disse-o melhor que eu:
Descendente de um anarquista que sempre pagou demasiado caro ter a coragem de pensar fora do pensamento instituído, seria talvez de bom tom falar contra a regulamentação seja do que for. E, no entanto, não faz sentido. Viver em sociedade implica viver segundo regras. São essas que nos garantem a continuidade do próprio corpo social. Estando este, quase sempre, organizado sob a forma de um Estado, será natural que esse mesmo Estado tenha como uma das funções regular a sociedade. E é por isso que temos leis e que somos obrigados a respeitá-las. Não porque uma qualquer entidade pidesca e oligárquica o exige, mas porque até agora ainda ninguém conseguiu provar que existe outro modelo melhor.
Ora, sendo que a lei, em última instância, garante a própria liberdade que todos abrimos a boca para exigir, porque não haveria a lei de estabelecer onde acaba a liberdade de um para que comece a liberdade de outros? E porque raios haveriam os blogues de escapar, incólumes, à regulamentação de uma actividade que tantos gostam de promover como “melhor do que”, “menos comprometida do que”, “mais séria do que”?
Não tendo nada a temer, não me assusto facilmente com polícias. Saber que haverá uma entidade que tentará resgatar direitos e deveres iguais não me assusta. Assusta-me muito mais o descontrolo, a ignorância com que se fazem apelos e acusações, se despenalizam os abusos, se vêem plágios e tretas que tais em catadupa, se fomenta a mesquinhice de quem acha que tudo pode só porque não há nada que o impeça, nem que aponha a culpa a quem fez.
Quem tem medo do lobo mau? Talvez quem tanto grita lobo que, quando o lobo realmente aparece, já nem se pode acreditar.
(O facto de eu, pessoalmente, achar que esta ERC não vai conseguir evitar seja o que for daquilo que todos sabemos que vai mal, nem tem nada a ver com aquela que me parece a verdadeira questão em debate: quem não deve não teme.)
Hipatia, em comentário abaixo
- Já ganhei o dia!
- Quem não sabe não mexe
Pois… BOm, mas como disse no blogue do PQ resolvi levei a coisa à séria:
Alinhei na dialéctica lá pelo adufe, num texto que contém palavras como imiscuir, pleonasmo e também parva e cú. Ao bom jeito de um blogue dos sete costados. Ou por outras: um legislador que não sabe distinguir um sistema operativo de código livre de um vírus informático e que aparece com tanta ligeireza prever acção do Estado de forma de generalizável junto de tudo o que seja caganita de opinião tira-me do sério.
olha, olha, um assunto tão bom para meter o bedelho e mandar uns bitaites jurídicos…pena ser fim-de-semana (é que linha editorial é outra, aos fins-de-semana…LOL!)
beijinhos, cat!
Rui, já te respondi lá no teu post (que me parece que uma coisa é a opinião e outra algumas ilegalidades ou coisas feias que se cometem nos blogs), mas de qualquer forma, até pensei que ontem tinhas levado a coisa um bocado para a brincadeira e só depois do comentário do JPT, tinhas então ficado mais sério.
Se é para censurar opiniões, então claro que partilho aquilo que tu pensas, como me parece que qualquer outra pessoa partilhará.
Vieira, aguardo com ansiedade os teus bitaites! Beijinhos!
Xii, Cat. Não sei se disse assim tão bem :S Mas obrigada por achares :)))
Quando escrevi o comentário não tinha lido a tua adenda. E nem parei bem para pensar. Estava, por exemplo, a lembrar-me de todos os casos de plágio que já vimos, ou dos anónimos nas caixas de comentários, a perseguirem alguém só porque apetece e lhes é permitido. Estava a pensar nos que usam blogues para fins muito, mas mesmo muito duvidosos, só porque podem. Estava a pensar na sensação de impotência que se reflecte na tua adenda. E generalizei. Nunca é boa ideia generalizar, especialmente em casa alheia. E claro que tens razão no que dizes acima: se nos quiserem cercear o direito a uma opinião, então estamos contra, obviamente. Mas até os censores têm de prestar contas, se forem contra o direito à livre opinião que Abril nos concedeu, certo?
(Ando a tentar meter férias do meu blogue e, depois, venho escrever testamentos para os blogues dos outros. Desculpa qualquer coisinha:))
Pois é isso mesmo.
Por acaso nem tinha dado por esta história até há bocadinho, e depois do 1º susto ( porque caí num dos blogs alarmistas ) vim aqui ter e comecei a entender um bocado.
Completamente de acordo!!! Tão de acordo que te copiei lá para o Pópulo, porque no que está bem não se deve mexer…
E por mim, acho que a conversa pode mesmo ficar já por aqui!
…pois é, mas…nem todos os filhos de peixe sabem nadar…e ser descendente, nem q fosse directa!, de anarca ñ garante nada!, e hoje em dia, a garantir, parece q o faz para o lado oposto…assim tipo: ‘ai o meu pai é do dragão?, então eu sou águia!’…faz parte…:->
…além de q certas utopias são(eram!) assumidas por vivências directas, ñ por influências filiais…é q implicam muita aprendizagem…prática!:->
Pois, Amok, mas se há coisa que aprendi – e deve ter sido por vivências directas e muita aprendizagem… como é que era mesmo?… prática (hmm) – é não me assustar só porque alguém grita lobo. Mas isso às tantas é por influência directa da filiação, coisa que nem todos entendem ou querem entender. Capicci?
E suponho que o comentário fosse para mim, porque se o estavas a dirigir à Cat (ou à forma como a família da Cat a ensinou a nadar), então é que falhaste mesmo o alvo.