100nada

A democracia explicada às crianças

Aquilo que eu expliquei ontem ao meu filho de cinco anos foi mais ou menos o seguinte:

Há várias pessoas que querem mandar, mas só pode mandar uma delas. Então, todas as pessoas (as que querem mandar e as que não querem) escolhem, entre as que querem mandar, uma delas. Cada pessoa só pode escolher uma pessoa. E a pessoa que tiver mais cruzinhas ganha. Todas as pessoas jogam este jogo assim, com aquela pessoa a mandar e no próximo jogo logo se vê.

Parece simples, não parece?
A mim parece. Mas há muitos adultos que, pura e simplesmente, a parte do jogar ainda percebem as regras, mas a parte do perder, essa já não são capazes; tal como muitas das crianças da idade do meu filho, dizem: assim já não quero jogar mais.

17 thoughts on “A democracia explicada às crianças

  1. mana

    até eu, que não gosto de jogar o jogo, nem quero, porque gosto de ser eu a mandar em mim mas não quero mandar em mais ninguém, percebi.

  2. Santa Cita

    Só ainda não percebo as outras regras. Aquelas que dizem que quem tiver um saco e se ele for azul ganha mais facilmente. Ou aquela que recomenda que se um dos que quer mandar gritar bué contra o chefe do partido dele e for insultuoso e mal-educado e se comportar com um ditadorzeco de merda ganha com oitenta por cento dos votos. E tambem não percebo aquela regra que diz que se um qualquer marido de apresentadora de televisão perder isso se deve à falta de inteligência do people.
    Bolas pá! Tanta regra por explicar.

  3. Joaquim Varela

    Infelizmente também há malta que vai a jogo, mesmo que alguém lhe tenha dito:

    “Olhe que o menino parece que anda a fazer batota!” E em vez de dizerem :

    “Batota? Eu não sou batoteiro e para provar isso não vou concorrer a nada enquanto isso não estiver bem esclarecido”

    Dizem antes:

    “Eu não sou batoteiro, não tenho muitos papelinhos verdes numa conta na Suiça, não tenho um saco azul onde também meto meuitos papelinhos verdes, nem ofereço apitos e outros papelinhos verdes a senhores que andam no meio dos campos de futebol e para provar isso mesmo, vou meter aqui uma carrada de outros papelinhos para atrasar o processo e no entretanto, posso até fugir do país e quando voltar podemos até ver se a maioria da gente acha que eu sou batoteiro ou não!”

    Infelizmente, há malta que mete cruzinhas no seu nome… Triste país este…

  4. Nelson Santos

    Mai nada…que eu acho muito bem que eles ganhem espírito crítico desde cedo. Se não for assim ainda acabam a votar em Valentins e coisas do género.

    PS: Quanto ao último pensamento: lagarto, lagarto,lagarto!

  5. Carlos Azevedo

    Nem mais, Catarina. Se todos os pais explicassem as regras aos filhos quando eles são pequenos, como a Catarina fez, talvez a situação fosse diferente. A democracia é uma aprendizagem.

  6. PiresF

    Será falta de cultura democrática não aceitar de bom grado que os caciques deste país ganhem eleições? Eu acho que não, é bom senso, isso é que é.
    Aquela história de que todos roubam e eu voto neste porque rouba pouco é inadmissível, eu francamente não alinho nisso e a minha cultura democrática diz-me que quando o outro jogador joga com o baralho viciado, não devemos ser cúmplices da batota.

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