100nada

A puta da dependência total

ou talvez ajude se escrever, ou não ajuda nada, que já me está a apetecer acender um cigarro.

Não, não deixei de fumar. Já me conheço e sei os meus limites actuais: já não seria a primeira tentativa e não me apetece nada apanhar agora com uma puta de uma depressão em cima, que já tenho coisas suficientes para me ralar; e quem me vier com merdas que o vício é fodido e mais não sei o quê, és uma fracota e o raio que só é preciso força de vontade, obrigadinha pazinhos, careca de saber isso estou eu e por isso escrevi conheço os meus limites actuais.

Não deixei de fumar mas deixei de fumar dentro de casa. Obrigo-me a ir lá fora quando o vício aperta, sabendo que mais dia menos dia começa o inverno e não me vai apetecer nada andar a ir para o frio e chuva se quiser acender outro, que já assim me custa. Eu fumo a fazer algumas coisas, gosto de fumar a fazer algumas coisas, não gosto de ir lá fora matar a traça: acendo, olho para o céu, estremeço com o vento, tenho frio nos pés, penso que raio estou eu aqui a fazer e apago ao fim de menos de meio cigarro e continuo com a mesma vontade que tinha antes. A vontade imensa de acender agora um, enquanto escrevo, mesmo que seja para o deixar queimar no cinzeiro ao lado, depois de me fartar de ver cair a cinza no teclado. Eu escrevo e fumo, leio e fumo, vejo um filme e fumo, já não trabalho e fumo (mas essa ainda dei de barato) e agora zero, zero, zero. Não me apetece ler, não me apetece escrever, deixaram de existir horas vagas para me dedicar a coisas que gosto porque as fazia com um cigarro ao lado e agora não posso (não, não serve abrir a janela, eu obriguei-me a isto para reduzir o tabaco e em meia dúzia de dias estou a fumar metade do que fumava) e só me faz é bem mas

mas adeus vontade de escrever, adeus imaginação, adeus coisas vagas escritas ao sabor de um fumo lento, adeus a isso tudo que vou a correr ali fora fumar mais um que não me vai saber senão a vazio, que é como me sinto, vazia de uma data de coisas que, com o tempo talvez sejam repostas, talvez não, nem me interessa que pouco disto me interessa agora, só que passe tempo. E se alguém se lembrar agora de acender o primeiro cigarro da vida, pense lá onde é que pode ir parar, que a puta da dependência é total.

21 thoughts on “A puta da dependência total

  1. catarina

    Esta porcaria não me sabe a nada, cap (mudei de marca por mero acaso, não havia dos meus, mas também faz o seu efeito). Deviamos fazer uma estatística ‘blogs que ficam a meio gás – tentativas de fumar menos/deixar de fumar’.

  2. Eufigénio

    Faz como eu que cumpri com a promessa de nunca mais tocar num cigarro (posso até sugerir a marca: “café creme”, são suaves e baratas)

    Ai que maldade, desculpa, vou mas é dormir. Muita força mulher

  3. méri

    ‘tou a passar pelo mesmo, há mais de seis meses, e consegui reduzir mesmo, mas continua a custar muito (especialmente quando se está com muita gente que também fuma)
    Espera aí vou ali e já venho…

  4. carlos

    Apenas te posso desejar coragem. De qualquer maneira os efeitos da diminuição da nicotina no organismo podem estar ligados a esse teu estado de alma actual. Xicoração.

  5. Carriço

    Gostava de poder dar um conselho, mas é uma situação que desconheço em absoluto. Além disso… em Portugal não falta é quem dê conselhos! :)

    Saudações

  6. Ruizocas

    Pois é cara amiga… parece que todos temos mais ou menos o mesmo problema. Bem, eu por mim avho que descobri mais ou menos uma solução que acho mesmo engraçada. É assim: fumei bastante durante alguns aninhos, entretanto comecei uma vida desportiva o que me levou a deixar de fumar durante mais uns aninhos. No ano passado sem saber bem como encontrei comigo de novo com um cigarrito filho da mãe na boca. Nada a fazer. Vai com tudo isso que devido a outras razões e outras buscas dei também comigo a experimentar um medicamento homeopatico. Qual a minha surpresa que quando tentei fumar um cigarro isso se tornou absolutamente impossivel. É que: o dito medicamento tem um efeito surpreendente sobre o sabor e efeoto do tabaco no organismo. Os cigarros passam a saber a merda misturada com ossos de galinha e solas de sapato tudo desfeitos e enrolados numa murtalha. Estranho?muito. tive que voltar a deixar de fumar. durante um mês não consegui fumar tal é o sabor. Tive que interromper o tratamento para voltar a fumar, coisa que só consegui passado um bom mesito. Bem este comentário já vai longo mas devo-lhe dizer que fiquei surpreendido com o poder do tratamento que fiz: o meu nível fisico aumentou em muito, o meu aspecto fisico também melhorou, psicológicamente e intelectualmente a coisa também gerou efeitos positivos. Bem sempre é uma boa e diferente alternativa à doce e suave degradação fisica e moral a que todo o fumar romanticamente se entrega.

  7. Luna

    pois é que nem eu, já deixei já voltei, já ameaçei deixar outra vez…
    mas que se****, vou morrer mesmo, por isso ser de uma coisa ou de outra, tanto faz.

  8. Miguel S.

    Hummm tanto fumo como não. Tanto posso despachar um maço num dia como ficar meses a fio sem fumar. Não sei o que te diga. Talvez não pensares muito nisso…

  9. Carlos Geadas

    O pior é quando o viver se entremeia com o vício, quando medimos o tempo em cigarros (estás aqui há muito? não, há dois cigarros), quando o cigarro adia a fome, o sono. Quando esta parva mecânica rotineira de viver aponta para um cigarro que nem se pensa porque se acende sempre naquele momento, naquela situação. Reduzir, parar, é alterar as rodas engrenadas da vida. Não o fazer é saber que se está numa rotina errada, mas que é a nossa.
    Isto não faz sentido nenhum (para quem não fuma), pois não?

  10. pedro

    tanta coisa e não para não dizer……
    tavas tão bem ao lume caladinha em coma.
    se te apanho racho te a cabeça ó boi ou baca.
    havis de te nascer um pinheiro no CU a dar magnorios………………..

  11. joão

    acho que tens razão pedro esse dificiente não diz merda nehuma. é como um penedo.morre tantos burros aos siganos e esse fuma…….

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