O pó sobre as superfícies
Uma pessoa arma-se de panos côr de laranja, bordados a ponto cruz nas bainhas e impressos com um desenho de uma chávena de chá a um canto, e ataca o pó sobre as superfícies. Parecendo, não é, porém, tarefa fácil limpar os pós que se acumulam. O pó tem aquela particularidade de flutuar no ar e poisar, como quem não quer a coisa, nas mesmas superfícies. Tarefa repetitiva e inglória, há sempre parte do mesmo e algum novo, esmigalhado e esmifrado em horas passivas de necessárias esperas
não, não é um post sobre domésticas
mas são tarefas domésticas, essas cujos gestos se tornam automáticos, enquanto a concentração se esforça por não deixar escapar canto maculado: o que se deseja é que todas as superfícies brilhem, que espelhem a mão que as limpa à custa de paciência e tempo, muito tempo. É tarefa nobre, a remoção de todo o pó sobre todas as superfícies, é tarefa doméstica pois que a vamos fazendo nas nossas casas, é tarefa limpa, executada com ternura pelas superfícies que queremos livres desse pó que criamos em dias em que tudo aquilo em que tocamos se transforma, sem se saber bem como ou porquê, em pó que julgavamos ter voado pela janela no passado.
- A manutenção de um blog
- Um pouco atrasado mas
Para limpar o pó, bem podias arranjar um limpador do pó encartado! :brilha:
ui ui! um post cheio de metáforas!!!
bom dia Cat! saudades!!
beijinhos!
Muito bom.
Metafórica qb e excelente volta final. Muito bem, vejo que começa a embalar.
Adorei!
ai de ti se algum dia passases esse pano sobre a minha garrafeira. até o pó te fazia comer!
(brincadeirinha)
foi só para marcar presença e dizer (uma vez mais?) que também gosto das entrelinhas.
Esse só nós o podemos limpar. Uma trabalheira.
duende
mas também assim ficamos com a certeza de ficar bem feito
Pois, metáforas é comigo. Vejo-as por todo o lado, sem esforço nenhum. Até parece que toda a vida é uma metáfora…
Gostei particularmente deste texto, Cat. Veio ao encontro de muito que sinto, hoje, agora, aqui. Se calhar para a semana já passou. Às vezes o pó também voa para longe. Mas mal nos descuidamos dá-se conta de que chegou outro, que também vai ser necessário limpar.
Vantagem: quando é muito podemos escrever nele. Ou desenhar. Dois corações com uma seta como no rótulo da “Solarine” ( quem se lembra?!)
Nem sempre, Ana. 😉
duende
tens razão. mas, supostamente, ficará melhor.
ai, olha, fiquei toda baralhada. mas acho que se é para limoar o pó, é mesmo par alimpar o pó! e bem limpo. eu pelo menos tento 😉
brilhante!!!
Hum… E sabem o que é de facto o pó? Pele humana, na sua esmagadora maioria… Ou seja, quando limpamos o pó, estamos a limparmo-nos a nós próprios de cima dos móveis. Ideia arrepiante, não é?
e a vida é mesmo uma constante metá/fora eheheh
Nessas tarefas repetitivas é costume usar máquinas. Como aspiradores…
Mas até à mão as coisas podem ser repetitivas e sem qualquer ternura… Deve ser mais triste quando isso acontece na própria casa.