Livros nascidos de blogs (1)
(logo meto os links todos, assim que tiver mais tempo)
O meu Pipi, autor anónimo
Fora do Mundo, (Dicionário do Diabo) de Pedro Mexia
Os dias de um homem banal, de Carlos Geadas
Barbabé, dos Barnabés
mil e uma pequenas histórias, de Luis Ene
Rititi, de Rita Barata Silvério
Pagar para Ver, de Ana Roque
As Ruínas Circulares, de João Pedro da Costa
Xicuembo, de Carlos Gil
Alguns dos autores dos livros acima indicados (e admito que existam mais, agradeço que me digam se assim for) reberam vários prémios literários, tinham obra publicada anteriormente e mesmo que não tivessem, qualquer um deles, pelo que conheço dos blogs ou livros, tem qualidade. Muita. Sendo para mim a qualidade medida, em grande parte, não por critérios obscuros de colagem a autores mais conhecidos ou linhas de pensamento literário, mas por uma coisa muito mais simples: para mim, tem qualidade aquilo que gosto de ler. Não sofro de qualquer preconceito sobre esse assunto. E, evidentemente, gosto mais de uns do que de outros, mas reconheço-lhes outras qualidades de escrita.
O que eu não gosto (e foi isso que tentei, de uma forma mais bruta num post abaixo) é que o juízo de valor que prevaleça seja a proveniência. Como se quem tem um blog não goste de escrever, como se quem tem um blog não possa ter qualidade.
Regressarei ao tema, porque hoje estive a fazer um exercício mental sobre os blogs que eu gostava que fossem livros. Para os poder ler na cama, para os poder oferecer a quem falo com entusiasmo dos autores e da sua escrita. Assim de repente, lembro-me logo de cinco:
– TheOldman
– Controversa Maresia
– A Memória Inventada
– A Tasca da Cultura
– Ene Problemas
- Xicuembo
- Livros nascidos de blogs (2)
Há uns tempos atrás respondi a um inquérito num blog que tinhas indicado. Uma das perguntas era sobre a nossa opinião sobre os livros saídos de blogues.
O que respondi foi a única coisa possível, para saber tinha de os ler, porque enquanto não forem escritos por sites dinâmicos são como todos os outros.
Mas ainda estou para ver o primeiro livro saído de um photoblog……
Posso “chatar”?
O Acidental é livro.
O Olho do Girino seria um belo livro.
O Rua da Judiaria também.
O Alentejanando deveria construir livro.
O Luis Ene há para aí um ano lançou uma ideia que não teve acolhimento, acho eu. Era um livro colectivo com alguns posts (3-5) de cada blog – na altura fui guloso, acho que era uma ideia gira, até como documento e memória.
acrescenta aí o afixe. e em relação ao que escreves nada tenho a contestar. respeito o teu ponto de vista mas, obviamente, discordo.
tudo pode ser um livro, catarina. e os blogues não fogem à regra, independentemente da qualidade da escrita que os caracteriza. boa, má, assim assim, é indiferente. creio, no entanto (e isto é só a minha modesta opinião) que o objectivo final de um blog não pode – nem deve – ser tornar-se um livro. um blog vive, sobretudo, deste vai-vem entre quem o escreve e quem o lê. vive do tempo real – e actual – em que se vai organizando, peça a peça, post a post, das palavras que mudam de sentido e de lugar com o avançar dos dias, das estações, dos acontecimentos, dos humores. e vive de quem o visita dia a dia, deixando numa caixa para o efeito o que sentiu ao ler isto ou aquilo. é claro que, a certa altura, podemos pegar nessas palavras todas e lançá-las em papel (assim como podemos, simplesmente, carregar no botão da impressora e deitá-lo cá para fora, para ler na cama à noite). escrever um livro, no entanto, é outra coisa. nem melhor, nem pior do que escrever um blog. o que acontece é que as escritas de um de outro provêm de fôlegos distintos. e têm intenções diferentes.
que cena! basta uma letra sair mal (neste caso um e em vez de um i) e o «link» vai parar a outro sítio… nem sabia que havia outro blog pais e filhos com aquela pedalada toda!… vês?, e juro que não foi de propósito, a blogosfera é isto! não é certinha como um livro, virando-se uma página atrás da outra e seguindo a mesma história. são pulos que nos levam por aí, nunca sabemos bem por onde…
sou chata, eu sei. mas como é que se põem os brilhantes posts circulares do João Pedro da Costa em livro?!
Claro, Mário, mas é isso mesmo que eu queria sublinhar. Que são iguais aos outros.
Quanto a livros saídos de fotoblogs, aí a coisa complica-se: não sei se há mercado e repara que, para terem uma qualidade de impressão decente, ficariam muito caros. Mas, mesmo esquecendo o preço, parace-me que em Portugal não se tem o hábito de ‘comprar’ fotografia: conheço muito pouca gente que compre fotografias como se compram quadros. Os livros de fotografias é o mesmo (ou são patrocinados por empresas para oferecer aos clientes no natal ou são catálogos de exposições ou são os ‘livros para fazerem vista na mesa à frente do sofá’.
jpt, ‘chatar’ é quando o comentário saí do âmbito (mesmo alargado) do tema do post.
O Acidental é livro? Já tinha ouvido falar, mas desconheço blog e obra, a não ser pelas referências que leio. De qualquer forma para ser isenta claro que o junto à lista, bem como as tuas sugestões. O Rua da Judiaria, bem lembrado. Os outros desconheço ou conheço muito mal.
Altino, eu também respeito o teu ponto de vista, obviamente discordando também. Mas acho piada que ao mesmo tempo sugiras um blog a passar a livro (o Afixe é tão vasto que dava dezenas de livros em vários registos).
Inês, em princípio eu diria que sim, por princípio até e para manter a pureza do espírito do blog como diário, que não fossem escritos com a finalidade de se tornarem blogs. Mas há tantos registos diferentes nos blogs…alguns são colecções de textos, não têm nada a ver com registos cronológicos (até imagino que sirvam de depósito de textos anteriores ao blog, como eu também fiz no princípio deste). O tipo de escrita (contos, crónicas, prosa poética, poesia até e há alguma excelente, só não é em livro porque não calhou). Portanto na parte dos folegos e intenções, acho que há de tudo nos blogs.
os diarísticos, esses sim, serão mais complicados de transformar em livros, porque não se pode chapar tudo na impressora. A edição é, nesses casos, muito importante.
Quanto ao JPC, o curioso é ser o oposto: alguns dos textos que ele publicou nas Ruínas já tinham sido publicadas em livro antes (com traduções e tudo). O livro, que já tenho, resulta muito bem.
(comentário acima cheio de erros, que esta janela minuscula não me deixa ver a coisa, que séca!)
Então cá vai:
Ainda não tive tempo de ir pesquisar a origem da palavra blog, ou blogue, como às vezes também se escreve.
Não percebo qual é o problema dos blogs virarem livros ou os livros blogues, quem quer compra, quem quer lê, quem não quer passa à frente. Quem quer criticar critica, é bom que o faça com algum fundamento.
Mas essa treta de que para se ser apelidado de escritor tem de ser-se, no mínimo, um Saramago, é, para mim, conversa terceiro-mundista ( se calhar aqui até estou a ser injusta, mas foi o que se arranjou).
Se alguém tem como função principal na vida escrever, é escritor, desculpem lá, e esta não é preciso ir ao dicionário. É que apesar de não gostar do que escreve a Margarida Rebelo Pinto (e, atenção, fiz questão de ler o Sei Lá) não acho que ela seja canalizadora, ou tratadora de animais, ou outra coisa qualquer. É escritora.
Além disso, Catarina, eu que até pensava que eras uma balancita e afinal és carneiro, estou mesmo contigo quando dizes e eu volto a dizer: para mim, um livro é bom quando gosto de o ler. Seja quem for que o escreveu, saia ele de onde sair, seja publicitado onde for, ou até vendido em bombas de gasolina.
O resto, é inveja ou sobranceria em excesso (perdão, mas o pleonasmo é propositado). Infelizmente, um mal que afecta muitos cidadãos do nosso país.
Viva os blogs, viva a internet, viva os livros todos e mais alguns, viva a liberdade editorial que uma Fnac quando nasce deve nascer para todos.
catarina, eu estava a falar naqueles que «mexem»… esticam, encolhem, desaparecem…
mas dou a mão à palmatória. há de tudo nos blogs? há! há livros bons nos blogs? de certeza que sim… mas de onde vem esta necessidade de os escrever on-line? será que é necessário o constante olhar dos outros (e o seu assentimento) para mudarmos de parágrafo e seguirmos com a escrita para diante? para mim, escrever um livro é um acto muito solitário. e só o «entrego» ao olhar dos outros quando fica pronto (e, nessa altura, deixa de ser meu…)
Gato Fedorento também saiu em livro. Tenho. E como não gosto de ler no pc, divirto-me à brava com aqueles comentariozinhos que nos fazem adormecer com um sorriso ou uma gargalhada sonora. E no outro dia, à conversa com o Miguel Góis, um dos gatos, perguntei-lhe por que raio decidiram pôr aquilo em livro..
E ele respondeu-me exactamente que há pessoas que não gostam de ler no pc e que não tinha a certeza mas ia encomendar o estudo, imprimir o blogue todo saía mais caro que comprar o livro.
Só não disse, porque lá está, não é sobranceiro, que giro giro é pegar no livro enquanto se passa da sala para a cozinha, ou se está no intervalo de um filme, ler um post e rir, ri, rir.
Havia um blogue, o Abram os Olhos, que acabou quando o Hugo publicou o seu primeiro livro. Usou o blog, disse-o ele, para testar a sua escrita, para ver as reacções, porque se há escritores que escrevem o que lhes sai somente da alma e da sua vida solitária, outros há que espreitam muito as vidas alheias. Ele quis fazê-lo e o caminho melhor que arranjou foi o blog.
O livro é independente dos textos que ele foi publicando no blogue, contos quase sempre, e é bom. Eu gosto.
E vou fazer publicidade. «O Maior Espectáculo do Mundo», por Hugo Gonçalves.
E já agora: será que não é mais fácil publicitar a escrita por estas bandas do que andar a bater à porta de editoras? E qual é o mal disso?
Pois é Catarina, os photoblog books não são já a seguir
Quanto aos textos dos blogues e a sua adequação a livro. Um bom teste será dar a ler o livro a quem não leia blogues e ver se em formato livro o texto prende a atenção do leitor (efeito ideal de um livro).
Obrigado pela nomeação, miúda. “… mas não devemos tomar a nuvem por Juno…”
😉
estás enganada, quanto à fotografia, Catarina: há muito mercado para fotografia, agora, estando mesmo a maioria dos colecionadores a preferir comprá-la em detrimento de outras coisas. Até as colecções institucionais. Também os comissários das grandes exposições escolhem a fotografia. Por exemplo, a Helena Almeida para a Bienal de Veneza.
mas livros é diferente. e continua a haver menos interesse pela fotografia digital.
pois livros de fotografia. e também colectâneas, há blogs de leitores que poderiam dar excelentes colectâneas.
e há o contrário, há livros que são blogs – há muitos blogs de poesia (surpreendemente cheios de comentários, ou seja de leitores fãs), o que veio substituir a velha edição de autor, em tempos típica na poesia
e quanto a desconheceres os que propus também é interessante – dos que anuncias só leio o xicuembo e o 1001, e dos que propões só o ene, e um bocadinho do memoria. Há tantos blogs que cada um tem as suas propostas. Mais razão para livros.
Eu só li um livro de blog, o Pipi – gostava imenso do blog e nem tive paci~encia para o livro. Em muitos blgos há algo que se perderá no objecto fixo, naquele também a releitura não ajuda.
http://luiscarmelo.blogspot.com/
com o Miniscente
Que ganhou este mês um importante prémio literário
Para além d’O Acidental e do Gato Fedorento (já referidos nos comentários), estou a lembrar-me também do “No Parapeito”, da Rita Ferro Rodrigues.
Bom fim-de-semana!
Pois o Miniscente, o LC é luminoso na escrita. Mas aqui é um bocadinho diferente, é um escritor já veterano (palavra dúbia … mas aqui no grande sentido) que tem um excelente blog – nem sei se ele quereria transformá-lo num livor (bem, só perguntando-lhe). A diferença será pouca, reconheço.
nunca li nenhum, nem tenho opinião muito formada sobre edição ou n em livro…mas gostava de ver tb a Roupa Velha do amigo JPT…para além da escrita deliciosa é das que mais prazer me dão a ler e as caseirices do Eufigénio ou tb do mesmo os relatos de episódios da sua meninice…que s~o tb uma delicia\
Bem, já vi que aqui não me safo. 😉
Beijos, Cat! E avancemos para bingo, que é o que interessa. 😉
Mais um que devia ser livro! criticomusical.blogspot.com
De blog a livro
Tenho-me apercebido que anda acesa a discussão sobre a passagem de blogues a livros, como aqui se dá breve notícia. Um texto publicado há cerca de um mês no Ene Coisas continua actual, fazendo todo o sentido reproduzi-lo neste espaço….
blogues & livros
Tenho-me apercebido que anda acesa a discussão sobre a passagem de blogues a livros, como aqui se dá breve notícia. Um texto publicado há cerca de um mês no Ene Coisas continua actual, fazendo todo o sentido reproduzi-lo neste espaço….
O QUE É UM LIVRO?
Todos os anos, compro um livro de Eduardo Lourenço contendo intervenções suas. Cada um daqueles textos que tanto me ensina podia perfeitamente ser um ‘post’ – para e-leitores não apressados, naturalmente!
Não se fazem livros, exemplo, o de Mia Couto, com crónicas semanais saídas em jornais?
Abraço, uma que seria incapaz de transformar o ‘chuinga’ em livro…
Blogues defuntos
Tem algo de doloroso o descobrir um blogue extinto. Ao contrário de outros cadáveres, um blogue não sofre de putrefacção – ou simplesmente se esfuma ou mantém a sua pele intacta para a posteridade. Essa virtude (virtualidade?) é o que…