100nada

Eu fico parva

como é que a malta tem tempo de escrever lençóis de frases muito pensadas, pesadas e medidas, cada palavrinha encaixadíssima no sítio certo (por vezes nota-se que foi após várias tentativas e alternativas), uma pessoa a clicar no url e a ver posts e mais posts e mais frases e palavras, como se escrever textos fosse a única tarefa dessa gente…(se calhar é)

…tudo inveja isto.

Hoje acordei e tratei e vesti e dei o pequeno almoço a uma criança e meti a gravar os desenhos animados favoritos. Tomei o meu pequeno almoço, tomei banho, vesti-me, não arrumei camas mas lavei a loiça do pequeno almoço, apanhei roupa que estava a secar e deixei a fazer mais uma máquina. Saí a correr, deixei-o no infantário, vim para Lisboa. Agora devia estar a almoçar mas não estou, estou a escrever um post. Depois do almoço que é o tempo que tenho para conversar com algumas amigas (normalmente), passo pelo supermercado para comprar fruta, pela farmácia, pelo banco. Se tiver uns intervalos durante a tarde, escrevo umas frases curtas ou alinhavo umas ideias para uma coisa mais longa. Sairei daqui a correr, passo no infantário, talvez tenha um sobrinho também para levar, depois é possivel que não precise de nada do Carrefour que me organizo mais ou menos. Vou chegar a casa a correr, a correr o banho, a cozinhar uma coisa rápida porque meninos com fome não esperam por grandes elaborações culinárias e depois do jantar, brincamos e fazemos desenhos e vemos o canal Panda a conversar e ainda haverá tempo para uma história, pendurar mais roupa, arrumar a cozinha e a casa que fica de pantanas de manhã e talvez até ver notícias na televisão. Quando ligar o computador, decidindo uma vez mais que se abrir um livro adormeço, ler os emails, tentar responder a um ou dois e ler uns blogs, a última coisa que me apetece é começar a limar frases e escolher cuidadosamente palavras certas.
A minha vida é uma vida absolutamente normal de criatura que trabalha, tem um filho e anda sempre a correr. Não me importo nada, gosto muito. Mas o tempo não dá para tudo e, entre desenhar bonecos coloridos para serem colados numa folha com um menino encostado a mim já cheio de sono e os dedos cheios de cola, e desenhar imagens em palavras, prefiro de longe a primeira.
Por isso não me venham com merdas.

0 thoughts on “Eu fico parva

  1. Gotinha

    Se alguém vier commerdas pode sempre passar lá minha chafarica e usar a sanita que acabei de instalar no Blog…..

  2. João Norte

    Ena!… que azedume!

    Chega para ver que trabalhas.Para quem fez tanta coisa e ainda escreve?! Mulher de trabalho!

    É verdade que eu também não percebo como alguem não tem mais que fazer.

    Mas se não houvesse quem escrevesse também não líamos.

  3. catarina

    Já vi, Gotinha. :)

    João Norte, não era azedume, era irritação. Enerva-me quando me dizem ‘não tens tempo porque não queres’. É porque não tenho mesmo, ou porque o gasto noutras obrigações e opções. De resto, as minhas escolhas são minhas e gosto delas. :)
    E de acordo: se não houvesse quem escrevesse, não liamos, totalmente verdade.

  4. curioso

    Eu, para poupar tempo, tomo sempre o duche com o pequeno-almoço. É chato é que as torradas ficam muito húmidas…

  5. JQ

    olá
    encarando o final do post como um repto, permite-me «vir aqui com merdas»
    não estou a ver muito bem qual o problema de utilizar «frases pensadas, pesadas e medidas, cada palavrinha encaixadíssima no sítio certo»
    repetindo um comentário mais acima, são opções de cada um
    outra opção, nem mais nem menos válida, é escrever trivialidades, coisa que, quando fazes, nem assim consegues ser banal

  6. catarina

    Só para responder ao JQ, não vejo mal nenhum, não tenho é tempo. O tempo disponível também é uma opção para escrever textos assim.