Constatação
Amansei no que escrevo. O blog domesticou-me. (suspiro)
E essa dor de calar de não falar para controlar a dor desaparece? Ou é só esquecida posta de lado ignorada…para ficar a germinar a crescer no lado escuro do não querer lembrar e mesmo sufocada sem ar vai crescendo crescendo até se tornar um dia uma dor muito maior que é impossível calar e que rebenta e que sai mesmo que esse futuro agora seja um agora errado, um agora onde já não se devia falar? Ou a alma cala mesmo para sempre? Não sei…são só considerações feitas aos pulos à solta na noite.
Queres falar de amor? Fala escreve grita berra chora ri! Mas não fales de amor como se fosse uma batata frita a nadar num molho de cogumelos de lata! O amor é um bife do lombo de uma vaca que morreu a espumar da boca um bife cru a escorrer sangue…esse sim é o amor pelo qual vale a pena gastar palavras. O amor não são dois tabuleiros a ver a guerra dos talibans isto tá mau por acaso tá faz lá um zapping não é ir ao supermercado com uma lista a meias não é gostar dos mesmos iogurtes…isso é amor politicamente correcto amor-soja cheio de vitaminas e minerais amor sem medo sem risco sem dor sem desejo sem sonho sem paixão amor-hábito amor-rotina amor-substituto por ser mais pratico por ser menos arriscado por ser olha se há-de ir para os porcos, amor tava ali pronto foi o que se arranjou.
Amor pelo qual vale a pena gastar palavras é tudo menos paz.
É uma Vertigem.
(links para o pt.conversa, 2001)
Escrito em 2001 e, no entanto, faz-me agora todo o sentido.
- pt.desconversa
- Hoje há palhaços
Tá lindo!
O amor é um intestino!