Pensando melhor
acho que vou colocar aqui o tal post. Nem tenho que justificar coisa nenhuma; mas assim, o feedback, a existir, é mais abrangente, o que me parece importante.
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Aproveitando um certo estado de espírito
para escrever meia dúzia de coisas que não são exactamente no tom deste blog (nota: era do outro). Mas são no meu.
Cá por coisas, quem percebe percebe e quem não percebe também não interessa, apanhei-me ultimamente a pensar que esta coisa da maternidade tem uns lados para os quais não tenho a mais pequena paciência. E um deles é o da perfeição.
Não, não tem nada a ver com fazer coisas. Tem a ver com conceitos.
E agora, ao melhor estilo desbragado e 100nada, continua o post:
Uma gaja, lá porque pariu um filho ou meia dúzia, ou tem intenção e vontade de um dia destes parir um ou meia dúzia, não deixa de ser uma pessoa igualzinha a todas as outras. Muitas vezes se fala da ideia de a maternidade nos tornar pessoas melhores: e torna, não há volta a dar-lhe. Não nos torna melhor do que os outros, transforma-nos em pessoas melhores do que éramos antes, quanto mais não seja porque o peso da responsabilidade nos obriga a um desligar de anteriores egoísmos (mesmo que fossem ‘inhos’), a uma vida menos virada para nós mesmas e mais para aquela nova prioridade que depende de nós para tudo. Mas isso é matéria para outro post.
A maternidade (ou a paternidade) não traz, forçosamente, uma automatica carga de conhecimento profundo sobre a natureza humana, uma epifania de sabedoria existencial e coisas assim. Ficamos a saber um bocado mais sobre a realidade dos mitos bonitos que lemos antes em revistas que apresentam tudo com laços cor de rosa ou azuis, ficamos a saber mudar umas fraldas (algumas de nós percebem que há homens que não as mudam), que se pode viver durante meses e anos sem dormir mais do que uma ou duas horas seguidas, que temos uma capacidade imensa de não ter doenças nenhumas durante anos (nem que se ande a vomitar e a chorar de dores e depois se volte para junto do filho de cara alegre), tornamo-nos especialistas em cadeiras e carrinhos, papas e sopas, remédios, infantários, canais e videos infantis, tamanhos de roupa de criança sem ser pelos (sempre errados) números, colos e dores nas costas, birras, palmadas e mais uma data de coisas, entre as quais, evidentemente, o amor e a ternura, que são matéria para outros posts que não este.
O que não ficamos é com a capacidade de mandar bitates sobre tudo o que diz respeito aos sentimentos, dúvidas e angústias de outras mães. Nem a capacidade nem o direito. Não o tinhamos antes e não o ganhamos depois de parir. Um filho não é uma coisa que se arremesse à cara das outras pessoas, muito menos de outras mães, como arma para fazer julgamentos sobre aquilo que possa soar menos politicamente correcto. Ninguém é perfeito, mas há pouca gente honesta. É por isso que eu não tenho muita paciência para o mundo perfeito das mamãs perfeitas de grande parte dos babyblogs. O que me parece absolutamente normal: também não tenho grande paciência para as pessoas que não me dizem muito, só por compartilharem comigo o facto de serem mães.
Não gosto de sentenças, verdades absolutas, postas de pescada e juízos feitos com base numa suposta perfeição que não existe.
Paciência se não gostarem de ler este post.
- Que se lixe
- Desabafo (vernacular – não ler)
Paciência, porque gostei de ler este post.
Grande mãe, que se deixa de lado pelos outros.
Quem dera a todos ter alguém assim a tratar de nós.
Mas não gosto da perfeição. Causa-me stress, ansiedade. Gosto de saber que erro e que da próxima vou tentar não errar tanto. E sei que cada um erra à sua maneira.
Ainda estou no grupo das que irão ter filhos e espero não ser uma mãe perfeita, senão uma boa mãe. Ai que feliz ficaria se assim fosse…
«O ÓPTIMO É INIMOGO DO BOM»
Logo esta frase é que tinha que sair mal eheheh
Vou repetir e corrigir:
«O ÓPTIMO É INIMIGO DO BOM»
Por entre piruetas acabei por deixar “no outro” o meu comentário. Que lá é que está bem.
Se aqui o pusesse seria noutro tom, o de sempre: ‘Dá-le’ mulher, que adoro ler-te assim irritada, a dizer verdades sem espinhas!
Angela, o meu post não tem a ver com a perfeição de ser mãe, mas com o facto de ser mãe não dar direitos extra de julgar outras mães. Como o facto de ser pessoa não dar direitos extra de julgar outras pessoas.
Eufigénio, já vi.
Sem espinhas? :DD Eu acho que é o contrário: muita coisa do que escrevo aqui custa a engolir…;)
Como diz o Efigénio, “Dá-le”! eheheh Concordo plenamente… quer se ache bem ou mal certas coisas, há que saber respeitar a opinião e a decisão do outro. Só que “juízes” a brandir desenfreadamente o martelo é o que mais há por aí, infelizmente.
A-D-O-R-E-I
eu não sou mãe. nem sei mesmo se algum dia serei (não tarda expira-se o prazo de validade).
e para além do que tu referes, outra coisa que me chateia é quando as minhas colegas me respondem “tu falas assim porque não és mãe!”.
um abraço!
Pois é, Inkognita, coisa que me irrita muito!
aNa, isso dos prazos é tão relativo…aposto que és bem mais novinha que eu.
Hihihi, eu também digo isso (bem prega Frei Tomás…) Beijinho.
ó Catarina, me parece q somos mais ou menos da mesma criação (como dizem os antigos), se eu não for mesmo mais velha. olha, nem de propósito, de hoje a quatro meses faço 42!
se tb costumas dizer isso, queres ver q trabalhas incógnita aqui na minha chafarica? 😉
joking! nenhuma delas tem o teu mau humor ah!ah!ah! com a classe q tu o apresentas, claro! a única de mau feitio aqui, sou mesmo eu!
Eu gostei muito e concordo com tudo!
My mistake, aNa, achei que eras uma rapariguita mais assim pró lados dos chegando aos trinta. É mais ou menos a mesma criação, sim, daqui a duas semanas faço 41. Ou seja, mais do que dentro do prazo.
Essa parte das chafaricas, não sei, também duvido.
Não tinha qualquer dúvida, Rita. :)))
Cat, ía fazer um commment mas ficava grande. Deixei lá no Pre um post/comentario ao teu. Se te der nas ganas vai lá ler.
Beijoca.
Eu não sei se será mau feitio teu (boa forma de desculpar o meu) mas admiro a tua forma de estar porque dissonante da [grande] maioria e, diga-se, corajoso. É preciso mais pedradas no charco para ver se as pessoas acordam dos contos clonados da Alice no País das Maravilhas…
Já escrevi o texto sobre o filho da minha vizinha, não sei se é propositado ou não, mas apeteceu-me.
Um beijinho
Eu não faço mais comentários sobre o assunto em causa…tenho mesmo mais que fazer. Mas que há gente que tem a mania de apontar o dedo sem pensar, há…e bem mais do que seria de esperar! Na blogosfera como na vida…
Uma coisa irritante – não propriamente tema deste post, mas que podia ser – é o ar de plena sabedoria e tretas delico-doces que os famosos grávidos (eles e elas) ou recém papás nas revistas côr-de-rosa. Parece que descobriram a pólvora e debitam pérolas de sabedoria, como se ninguém antes deles tivesse parido!
Já lá fui,li e comentei. Uff! deu-me cá uma trabalheira descobri-lo, rapariga! Estive meia hora às voltas pela blogoesfera.
Este teu post está excelente, claro. Quanto à substância da coisa, não preciso de te dizer o que penso,pois não? (basta, aliás, ler o meu baby-blog “politicamente incorrecto…hehe).
Um beijinho.
Passo “anos” sem vir à net e olha logo o dia que escolho !!! Não faço a minima ideia do que se passou por estas bandas, mas para escreveres o que acabei de ler deve ter sido um dia lindo !! Não podia estar mais de acordo! Das poucas coisas que tenho saudades “do office” é das tuas conversas. Na próxima visita levo-te um rolito, pelo sim pelo não!
Até lá beijo grande para os 2 de nós os 4 (os pais não contam)!
xxx
PS Vai uma t-shirtzinha ???!!!!
Eu não sou mãe, como deves saber. Nunca suportei largar o meu egoísmo, nunca me imaginei a mudar fraldas nem a passar noites sem dormir – penso que não tenho espírito de sacríficio para tanto. Quando ouço as minhas colegas falarem das suas crianças até a mim me dói.
Acho que tens toda a razão relativamente ao que afirmas, mas há uma coisa que não posso deixar de dizer: por que motivo as conversas das mulheres, sobretudo no local de trabalho, mas não só, vão sempre, de alguma forma, parar aos filhos? Uma fulana como eu, dá consigo frequentemente numa reunião com 10 mulheres e não tem nada para dizer porque não tem experiência de filhos! As mulheres como tu, as que têm filhos, não os têm apenas. Têm uma vida para além dos filhos, ou isso é impossível hoje em dia?
O que dizes poder-se-ia aplicar a muitas situações: não pelo facto de se ser professor que se pode deve mandar bitaites de como ensinar; não é por ser médico que se tem autoridade para mandar bitaites sobre sitemas de saúde; não é ser por se ser engenheiro que vamos mandar bitaites sobre todas as obras dos outros…
O que ressalta da tua mensagem, que parece muito assertiva e apropriada a muitos de nós é que a nossa experiência é nossa e, por tal, única, não passível de ser clonada ou sequer repetida. E é esta característica que faz com que as nossas experiências sejam tão importantes para nós como a dos outros para eles!
Perfeito? Há um, é Deus, ou porque existe ou porque nós o inventamos por não sermos perfeitos!
ps: Há só uma piquena coisa com a qual lamento não partilhar – eu adoro postas de pescada, então da Póvoa pescada à linha e cozida com todas é uma delícia.
Beijinho e não te esqueças hoje das gotas … para as insónias pois então!
Ufa! Alguém que concorda comigo! Expressões do tipo “sabes lá o que isso é… espera até seres mãe” são o tipo de argumentos usados por todas aquelas que já não sabem mais como argumentar!
Parece que para a maioria das pessoas, não se ter parido, uma criança que seja, a partir de determinada idade, é sinónimo de deficiência fisica e pior, de menor conhecimento.
Gostei desse partir de loiça!
E além disso, quem não concebeu uma criança… vocês sabem do que é que eu estou a falar…
Obrigada pelos comentários todos. Eu depois, quando estiver menos estoirada, respondo com mais tempo.
eheheheheh
Ser pai não me faz sentir um membro do clube dos pais com reúniões regulares e escrita de actas, ser pai faz-me sentir pai de duas filhas, o que já é um mundo. Deixo essas coisas dos clubes e confrarias para os outros.
Olá!
Pois, de facto, concordo com o que dizes, mas a verdade é que discordo com a forma como aquela mãe expôs as coisas.
Uma coisa é decidir ter só um filho, e pronto, assunto arrumado! Outra coisa, é sustentar, daquela forma, a ideia do fílho único…
Todas – repito, TODAS – as mães passam por essas dúvidas. Eu própria, mãe há ano e meio, ainda me coloco a questão se devo ter outro filho, ou não, mas nunca com base no argumento da “injustiça” para com a minha filha, ou no facto de a Sara ter mais ou menos fotografias que o (a) irmão(ã).
Agora, sim, concordo contigo que há maneiras e maneiras de se dizerem as coisas. Ninguém é obrigado a concordar, mas, se discordar, que o faça com o mínimo de educação e respeito.