100nada

Endurance Crater

Estás a ver? Isto é areia. Chama-se Endurance Crater, é um nome bonito, não é? É em Marte, mas o que interessa? Os desertos são todos iguais (todos diferentes, diz o lado de lá do cérebro, todos diferentes, cada grão de areia é diferente do grão de areia do lado, não generalizes, não transformes tudo em grãos de areia iguais, é só uma questão de perspectiva), areia sob os pés, do lado de cima de quem caminha sobre um deserto é essa a perspectiva, areia até ao horizonte, sacudida do cabelo, seca na boca e nas mãos, picante nos olhos, a escorrer por entre os dedos em cada passo.

0 thoughts on “Endurance Crater

  1. vanus

    Para mim, a grande beleza dos desertos de areia, são os desenhos inconstantes que a mesma areia compõe, sempre em movimento, sem um passado que se possa fixar (é só futuro)… e as miragens, as miragens que um dia nos engolem, nos tocam, e então chamamos-lhes oásis…
    beijo e bom dia :)

  2. catarina

    Vale a pena ter desertos de noite só para poder ler as coisas bonitas que escreves, Vanus. Beijo.

    Com a luz do dia, tudo não passa de uma praia um bocado mais comprida. :)

    Bom dia a todos!

  3. Ricardo

    Ó minha linda, os “desertos” são vazio, que interessa os grãos de areia?? São a tela para a imaginação se descontrolar, a câmara de eco. Verás no deserto tudo o que tens dentro de ti, como o outro que foi para lá 40 dias e voltou meio maluco. Se nada vês então é porque nada tens para ver.

  4. catarina

    Acho sempre curioso quando um comentador novo me trata por ‘minha linda’…:DD Obrigada pela visita, em primeiro lugar.
    Adianto que, regra geral, os desertos são feitos de grãos de areia (não há volta a dar-lhe)e é esse cenário constante e consecutivo que permite uma reflexão interior.

    (hã? eu escrevi isto agora? mas nem tem nada a ver com o sentido do post…bom, que se lixe, fica assim…:D)

  5. mana

    Eu ainda hei-de dormir num deserto de areia (há desertos sem areia, também), daqueles em que o horizonte nunca é uma linha.

  6. jc

    Se não fossem os desertos
    se não fosse a escassez
    o que seria da água
    o que seria do amor
    o que seria da abundância das nascentes
    quando os adolescentes
    morrem à vez
    por um excesso de luz
    e de calor?

  7. Pedro João Silva

    O Jorge Luís Borges deixou escrito num livro (ATLAS) que quando esteve no maior deserto do mundo, se ajoelhou e deixou fugir entre os dedos uma mão cheia de areia e pensou: eu modifiquei o Sahara.