Dia internacional da gaja
Ora aí está uma coisa que me irrita solenemente. O dia internacional da gaja.
Uma mulher que se preze não devia permitir que existisse uma coisa dessas. É um verdadeiro insulto a todas as gajas que vivem nestas terras pouco civilizadas, onde se comemora o facto de serem tratadas abaixo dos detentores dos restantes 364 dias – essa realidade já é coisa suficiente para me apetecer acordar a padeira que há em mim e correr tudo à pázada (e biqueirada), mas que exista um dia no ano onde o facto é sublinhado, é o cúmulo do cinismo masculino e da estupidez feminina.
É que elas ficam contentes. É isso que me ultrapassa. Sinceramente. Vejo-as logo de manhã, com uma rosinha qualquer na mão, todas contentes que o dia é delas. Não o ganharam, não aquele em particular, deveriam ter todos, a par com os magnânimos que lhes oferecem aquele. Mas aceitam o dia e a porra da flor e ficam felizes: têm o que merecem.
Minhas amigas, neste triste dia que nos lembra a nossa humilde condição de inferiores, aqui segue o meu contributo: tenho a certeza que o saberão apreciar.
Amanhã não se esqueçam dos espinhos em casa.
- Posto isto
- Gosto tanto, mas tanto
Feliz dia da gaja!
Aproveita este dia único que mais não seja para te vingares!
Abaixo os dias marcados na agenda, sejam eles dia da mulher, namorados, pai, mãe, natal e carnaval… que pensam fazer nos outros dias que vos restam, alimentar a vida cano de esgoto?
by Primeiro Zum
Alio-me aos teus festejos e ofereço a todas as mulheres que te visitam a Calçada de Carriche. 😉
Há pouco, antes do anoitecer, vi uma “gaja” como qualquer outra, tratando da sua vida, caminhando apressadamente para qualquer lugar. Chamou-me a atenção (enquanto a ultrapassava ainda mais ligeiro) os olhos fixos no chão, fixos naquele pequeno pedaço de chão que se apresenta à frente da biqueira do sapato e que se esconde num ápice, sucessivamente. Ia quase corcunda e pareceu-me imensamente triste. Voltei a mirar a senhora (já entradota e nada interessante para olhares lampeiros) e voltei a ver os mesmo olhos quase invisíveis, foi então que vi outra coisa, um olho à Belenenses. Duvido que fosse uma simpatizante do Sporting a fazer o luto…
Ainda por aí há muita gaja a ser tratada abaixo de gaja, infelizmente.
Beijinhos ao mulherio e votos de PAZ, muita paz e amor.
Os dias internacionais disto e daquilo, tirando as mariquices comerciais, têm normalmente uma base histórica ou cultural. O dia internacional da mulher pode não fazer muito sentido hoje para a burguesia urbana. No entanto, atendendo ao que de básico tem na sua essência, este dia ainda se justifica ser comemorado. Amanhã (hoje já) comemorá-lo-ei em homenagem a todas as vítimas – mesmo algumas da burguesia urbana – da porrada dos maridos, da exclusão dos estados, das discriminações religiosas, da diferenciação no trabalho. Das que são julgadas por abortarem, das que não podem fazer uma pausa para urinar para não quebrarem a “série” e daquelas que colocam óculos escuros para não se verem os olhos de chorar.
o seu post é uma série de nadas inenarráveis.
o que quer dizer com “uma mulher que se preze”? que as que não se prezam não contam?
onde ficam as terras civilizadas se esta não o é?
e se de facto a condição feminina foi e ainda é em mais de dois terços da humanidade algo de aberrante em sociedades onde o seu papel é equiparado a um bem, o facto de ser dedicado um dia (o que é pouco) à entidade feminina só devia ser um pouco mais do enorme sopro que falta para acabar de vez no mundo com o facto de o simples género ser sinónimo de poder ou submissão. Passa isto pela cor da pele, a escolha sexual ou a própria “cor política”.
O rancor vazio que destila o seu post dá razão só a quem nunca a teve, aqueles que por comodismo e oportunismo preferem haver uma “condição”.
(Se ler atentamente o que de história há sobre a “padeira” vai ver que se arrepende de a tentar acordar)
Cumprimentos
Adoro escrever estes posts que geram sempre emoções fortes. :DDD
Pois há muita verdade no que escreveu, menina Catarina, e a verdade é que “dia de” qualquer coisa cheira logo a esturro: ele é a mulher, as crianças, o ambiente, a terceira idade, os livros… ou seja, tudo o que foi abandonado pelos que mandam e que governam. Já viu por acaso o Dia do Cifrão? ou das Acções na Bolsa? ou dos Carros de Alta Cilindrada? Pois – é que esses e muitos outros são tratados e acarinhados nos rsetantes 364/365 dias do ano!
Concordo 100% contigo Cat. É como a história das quotas minímas, muito yadayada e depois vai-se a ver…e há duas mulheres no novo governo. A igualdade entre os sexos não se atinge à força nem com declarações de intenção vazias de conteúdo. E ainda bem.
Finalmente!
A única pergunta que faço é a seguinte – E por acaso estes dias internacionais da tanga, que só servem para fazer negócio e para meia dúzia de lugares comuns debitados por especialistas à frente das câmaras, mudam alguma coisa da situação dos homenageados, no dia imediatamente a seguir?
Deixa de haver violência doméstica, no dia a seguir? Deixam de haver ordenados mais baixos para o mesmo trabalho dependendo de se ter pila ou não, no dia a seguir? O comentário do senhor Ricardo aí em cima é muito parecido com o dia da Mulher em si: bonito, mas vazio de conteúdo.
Não podia estar mais de acordo contigo Catarina. E não creio que seja uma posição feminista.
Tudo muito bem, sim senhora. Genericamente até concordo. Claro, depois há também a questão das muitas, muitas mulheres que ainda não viram sequer os seus direitos confirmados num papelito, por muito pouco que isso mude, como se sabe. Aceitar bombons, não, muito obrigada. Mas lembrar todas aquelas que se expuseram para que tudo isto mudasse um pouco, não me parece muito mal.
Ah, olha, e linkei-te.
Leste a crónica da Maria Filomena Mónica, na semana passada, no Público?
http://jornal.publico.pt/noticias.asp?a=2005&m=03&d=02&id=9331&sid=989
Lembrei-me dela a propósito deste teu post…
Beijinhos mimados.
Lá por casa o Joaquim Varela alerta para um importante Dia Mundial que, segundo ele, ainda não é celebrado…e esse sim, faria algum sentido, digo eu!
O dia da Mulher é, e para sempre será o dia da Mãe. Porque só elas o podem ser. E afinal também eles têm o seu dia.
Grande Mulher! Aperta aí com os machotes de meia-tijela, que eles vão já saber o que é meterem-se com uma Mulher de Armas eh,eh,eh!
Agora a sério: Sou contra este tipo de dias internacionais de qualquer coisa, que só servem para consumo e tentativa de encapotar os outros dias todos do ano.
VIVAM as mulheres TODOS OS DIAS|
Um abração do
Zecatelhado
ora muito bem! mais uma para o meu clube… nem imagina o que vai no meu cantinho à conta de um post sobre o dia este! será que ninguem entende!?
Que se relembre porque é que se comemora ou se comemorou o que quer que seja, é uma coisa, fazer do dia um final feliz, é completamente imoral, é só olhar para o lado com mais atenção