Xadrez
(algumas pessoas que por aqui passam já conhecem isto, mas lembrei-me agora, depois de ler o post sobre xadrez do Sharkinho.)
Chamo-me Wolf, Wolf Ang filho de Wolf Ang filho de Wolf Ang, dos Angs que os Senhores conhecerão por certo. Somos uma família tradicional de raízes profundas que vive à margem dos acontecimentos que preocupam os Senhores e não incomodamos ninguém nem gostamos de ser incomodados com assuntos que não nos interessam. Não costumamos andar sozinhos mas de tempos a tempos há um membro da família que se aventura por outras paragens à procura de não se sabe bem o quê e não regressa enquanto não encontrar. Até agora todos os Angs que partiram nunca voltaram não sabemos também porquê. Um Ang nunca desiste mas admitimos que só saibam o que querem encontrar quando encontrarem e talvez não tenham encontrado ou talvez não tenham reconhecido. Seja como for é a minha vez agora.
Somos pacíficos por natureza se ninguém se aproximar de nós.
Neste estranho lugar onde estou agora cruzam-se várias vozes e pensamentos desconexos e perdidos que não causam qualquer interesse a um Ang, palavras ocas de filhos de homens sem raízes. Mas hoje vi uma coisa que me fez parar. Um desafio. Eis uma palavra que interessa a um Ang.
Os Angs gostam de jogos. E gostam de xadrez. Acham um jogo curioso intelectualmente se bem que o princípio seja incompreensível. A um Ang é inconcebível que um Rei faça primeiro avançar a ralé e depois se esconda em curtas passadas atrás de saias de bispos, cavaleiros e principalmente da saia da Rainha. Os Angs avançam sempre à cabeça das suas forças deixando em lugar seguro as suas damas. O objectivo do jogo é matar um Rei cobarde através das tropas de outro Rei igualmente cobarde. Um Ang não compreende a existência de reis cobardes. Os Angs não mandam ninguém fazer por eles aquilo que tem que ser feito.
Wolf Ang, pt.conversa, Fev. 2002
- Um testezinho catita
- Isto é que é mesmo perder tempo!
Olha????!!!
Ninguém se lembrou deste texto, ou acharam que ele falava por si?
Ontem, passei aqui a correr e pensei dizer qualquer coisa mas guardei para depois, imaginando que quando aqui chegasse isto estaria cheio.
Surpresa.
Mas se calhar pensaram que estava tudo dito. Eu só queria “acrescentar ao que não foi dito” que a citação completa e ajuda a situar extremamente bem o post do Charquinho. E pensar na guerra. E nas suas consequências. E nos “senhores da guerra”. E nas “guerras preventivas”. E nos peões ou a tal carne-para-canhão que é das expressões mais arrepiantes que eu conheço.
Pois, também não sei, Emiéle. Ou pensaram que o texto não era meu e não quiseram comentar (mas é). E sim, foi na guerra e na cobardia da guerra que pensei quando o escrevi, no tal trabalho sujo feito sempre pelo ‘peão’, enquanto o Rei se esconde atrás de todas as suas tropas, incluindo a Rainha.
Esse ponto, do papel da Raínha como defensora do Rei a ponto de perdida ela o jogo ficar perdido, foi das coisas interessantes do post do Charquinho. Não tinha encarado isso desse ponto de vista. Porque naquele tabuleiro, as figuras são vistas como machos – bispos, cavalos, torres e, é claro, peões – e depois há uma femea que decide o jogo!
Quanto aos peões, no fundo o povo no jogo da vida, são mesmo só peões. Mas pelo que sei ( o meu conhecimento de xadrez é mesmo rudimentar) um peão também pode dar xeque se encontrar um boa posição. E existem muitos mais peões do que as outras figuras. Enfim, vamos a votos…? A tal “arma do povo”?
(minha querida. perante as coisas belas, eu quedo-me assim, em silêncio)
Eu não tive tempo: longos posts dá para ver um por dia apenas. A ver se depois de muito marrar tenho tempo para ler o texto como ele merece
Já vi que em matéria de ‘xadrez’ somos almas gémeas…
Ia mandar-te um xeque, mas só me lembrei de o meter no comentário depois de já ter carregado no ‘submeter’…
Além do mais, nenhum xeque que mandasse teria cobertura bastante para expressar a minha vaidade pela associação que fizeste da minha posta ao teu magnífico texto. Um Rei, na tua presença.
Belo tempo esse, do pt.conversa.;-)