100nada

Ao calhas

É preciso
estender as mãos e esperar.
Abertas, as palmas para baixo, o que se espera deve poisar sem ser agarrado, ficar imóvel de mãos estendidas, dedos esticados. Os olhos fechados com muita força, ver por dentro, manchas e pontos de cor indefinida, clarões nos cantos. Ouvir
barulhos ao longe
música ao perto
o eco do voo do bicharoco agora esmagado contra a parede

os dedos caem.
Palavras de nada.

0 thoughts on “Ao calhas