Sousas com Torgas
Uma das melhores coisas de Lisboa é o cheiro da Livraria Barata da Av. Roma, assim que se passa a montra (tropecei à entrada) e se chega ao corredor das revistas depois da caixa onde está (meu Deus há quantos anos?) aquele rapaz de óculos com os maços de tabaco por trás. Gosto de todas as livrarias, até das que na realidade não passam de uma estante no meio de papéis e canetas (talvez por gostar também de papelarias e de papéis e canetas). Gosto de todas as livrarias mas tenho realmente um carinho especial por esta. Se calhar é por ir lá quase todos os dias. Ou então pelo caos. Não digo isto em desprimor do caos. Há um encanto neste caos, na desordem das estantes, apesar da arrumação das mesas. Mas as estantes! Literatura portuguesa debaixo da primeira mesa (tão pouca, é pena, é pena) organizada por um estranho método alfabético que ainda não consegui decifrar e as ‘pontas’ das letras misturadas. Lombadas partidas, livros mexidos de folhas vagamente amareladas. É o reverso dos livros assépticos de Fnacs, espaços estudados onde impera o detergente do chão e o aftershave dos clientes.
Dos livros mexidos de lombadas partidas arrumados ao calhas desprende-se esta espécie de pó mágico que me leva todos os dias àquela maldita porta onde (quase todas as vezes) tropeço sempre noutro que vai para uma pilha, vítima da escolha entre ler e blogar.
Que saudades me deste agora
(Quantas vezes não nos teremos cruzado?)
(um monte de vezes, provavelmente, nos últimos 10 anos…:))
Eu gosto particularmente quando após um pedido de socorro alguém da livraria parece conhecer um sitema no caos, terminando a pesquisa com um muito seguro “não temos” ou um “aqui está”. Mas a Barata para mim é uma excepção, eu vou convivendo com o ácaros das Fnacs…
Também já me aconteceu não terem um livro que eu depois encontrei na estante…:)
Eu também gosto da Fnac e passo lá manhãs de fim de semana bem simpáticas a beber cafés e a ler revistas…mas não considero a Fnac como uma *livraria*.
Também lá passei muito tempo nos últimos 13 anos… livros de turismo atrás do balcão do canto… livros técnicos ali ao lado… minilivros ao balcão… pagar num e levantar o embrulho no do lado…
Na Fnac, gosto particularmente de ficar no café e ver a pimpolha a envolver-se em discussões com os outros miúdos, lá na mesinha deles.
(OFF: Mandei-te um mail, mas não faço ideia se o endereço está certo. Confirmas, please?)
Espaços bem pensados, Mi: o café ao lado do espaço infantil. :)))
(Resposta: Não posso confirmar que não tenho acesso ao email – e hoje, dia caótico, só lá para a meia noite. Mas manda para vertigens@netcabo.pt. )
(ok. brigada! já está)
Eu já trabalhei na Bertrand e apaixonei-me por livros, adoro livros
Há dias fui a Tomar, na praça perto da Câmara Municipal há uma livraria linda, linda… E o senhor diz que numa sala lá dentro tem qualquer coisa que eu não me lembro (mas que eu remeti imediatamente para as imagens que trouxe da fantástica quinta da regaleira). Um dia que lá vás, não percas. E o senhor é uma simpatia :))
Há uma livraria barata em Lisboa !? Onde, onde ??? pode ser mais explícita catarina ?
que sensação estranha ao ler este post…de proximidade, não sei. mas surpreendi-me. isto porque a barata é a “minha” livraria desde que nasci e porque todos os dias começo ou acabo invariavelmente os meus dias lá dentro nem que seja só para comprar cigarros. gostei!
que sensação estranha ao ler este post…de proximidade, não sei. mas surpreendi-me. isto porque a barata é a “minha” livraria desde que nasci e porque começo ou acabo invariavelmente os meus dias lá dentro (nem que seja só para comprar cigarros!) gostei!
O meu refúgio no meu primeiro ano em Lisboa. Estava num quarto lá ao lado. Para ajudar a passar o tempo, lá ia eu. Visita ainda obrigatória cada vez que volto a Lisboa. Deve ser do *cheiro*, sim! Bjos.
Quase todas as pessoas de quem gosto têm o “fétiche” dos livros. Não só o lê-los, como tocá-los e respirar a atmosfera que os rodeia.
Já em tempos pensei em me reformar com uma livraria…
não há nada melhor…
bem… agora q penso…
hehehe
O_o
sortuda de trabalhares perto de uma livraria.
Sabes o meu maior sonho? abrir uma livraria na terra onde vivermos. Se algum dia tiver possibilidade não me esquecerei de te convidar para partilhares o meu sonho. Raios partam que só tenho sorte ao amor…
Eu adoro o cheiro dos livros, já deixei de comprar alguns que queria por não gostar do cheiro. Detesto livros todos certos e arrumados, quase formatados, gosto deles marcados, de preferência lidos, usados, é como lê-los pelos olhos de muitos mas com uma liberdade escondida só nossa.
A livraria que mais gostava por tudo era a Buchholz, deixei lá muito dinheiro, mas também lá li muito livro inteiro de borla a ouvir música clássica naqueles sofás surrados de pele. Nem sei se ainda existe.
Bonito post, cheio de recordações bonitas.
beijo
Um post para ler com o silêncio que exije nas bibliotecas. 😉
Ao ler a generalidade dos post’s ( e adianto que não me desmarco dessas opiniões), que declaram uma particular atracção não pelos livros apenas, mas particularmente pelo sua visão, e em particular pelo seu cheiro (!!) tenho de ser levado a concluir que os àcaros, afinal, são na generalidade apreciados como um bom petisco. Sugiro que mantenham esse apetite assim, não vão arriscar torriscar os livros, só para tornar essa refeição mais luxuriosa. Ácaros sim, mas ao natural.
PS: não precisa responder ao mail 53º, basta que continue com esse bom humor