Devia por aqui um post
de finados, uma jarrinha, uma merda assim. Mas detesto o culto da morte, o cheiro a flores podres e a detestável maldade feita a lírios e ciprestes.
- Amanhã vai ser péssimo
- De repente
de finados, uma jarrinha, uma merda assim. Mas detesto o culto da morte, o cheiro a flores podres e a detestável maldade feita a lírios e ciprestes.
A própria expressão «finados» é do piorio.
É como ‘defunto’. Um gajo pifa e ainda lhe chamam nomes…
E no meio desse culto a morte é tão mal tratada…
Eis umas das perguntas do nosso tempo: «Como é que antes se “morria tanto” e ainda assim se vivia?»»
Não sei, Rui, mas calculo que uns viveriam bastante pior que hoje e outros bastante melhor (embora todos menos).
Nascia-se e depressa topavamos o que era a morte. Hoje – nestes recantos mais abastados – muitos passam a vida a tentar acreditar que são imortais.
Não seria mais fácil se encarassem, se tentassem retirar alguma coisa da morte que se tenta esconder antes que chegásse a nossa hora?…
Aquela pergunta dos nossos tempos é uma que arrumei há uns tempitos e é mesmo um sinal dos tempos. Das poucas pessoas que tocam no assunto geralmente fazem-no assim, com aquela perplexidade.
(Conversa séria para uma treta que se queria leve e para redimir as pobres das árvores…)
Não acho que se tire nada da morte Rui. É inevitável, dolorosa, final. E, não sei, estava agora a pensar nisso, quando se diz que as pessoas vivem na memórias dos que ficam, não é mesmo assim? Não notas os velhos a falarem dos seus mortos como se ainda estivessem vivos? Mas nós não, nós não falamos…(nós metemos posts light, tazaber?)
Eu, pelo menos, estou convencidíssimo (mas posso estar enganado) que nunca irei morrer.
Ora até que enfim que vejo escrito o que penso mas nem me tenho atrevido a dizer. Olham-me de lado com ar crítico de quem pensa “Que tipa insensível…!” Digo-te que comecei a escrever uma coisa lá no meu estaminé a até o paguei… Cobarde é o que sou! E agora quando te li senti-me mesmo envergonhada de não ter tido a coragem de também afirmar que esses rituais não me dizem mesmo nada. E tenho tido grandes desgostos, mas passam-se a outro nível.
Ups! Correcção óbvia: APAGUEI não paguei. Neste caso é gralha que altera o sentido.
Ora, Emiele, qual cobardia, uma pessoa se não se sente confortável em escrever alguma coisa, não é obrigada, pois não?
De regresso ao tema, esses rituais são só isso rituais, obrigações em certos dias, é o que eu penso. Concordo: os desgostos passam-se a outro nivel. Vivem connosco em luto e saudade, em memórias de coisas boas…acho eu.
Há bueda coisas a aprender com a morte. Quantos sabem que estão vivos?
É isso que eu sinto, Catarina. As pessoas que eu amava, que morreram, vêm-me muito à memória e sinto-as vivas dentro de mim. E recordo-as bem vivas, fortes, alegres, enérgicas, são boas recordações… Mas lembro-me quando calha, nunca em dias especiais.
Pergunta estranha essa, Rui. Quantos vivos ou quantos mortos? (o tema está a ficar cada vez mais sério…)
Emiéle, é exactamente aquilo que eu sinto também. E calha quando calha, por qualquer coisa que, de repente, faz saltar aquela memória.
Ora bolas!