Uma fotografia
de uma rapariga que entra na Expo em 1998.
É uma noite de Julho, 19 de Julho. Não tem nada, essa data, nada, mas fixou-a, sabe que era 19 de Julho de 1998. E estava uma noite quente como só Lisboa à beira rio consegue ser, quando não há vento, apenas uma aragem vaga e doce no fim de tarde ainda dia. A rapariga tem cabelos ruivos, talvez, talvez compridos, já não se lembra bem. Lembra-se do que levava vestido, a camisa favorita, só tem camisas brancas esta rapariga, não lhe interessa se estão na moda ou não. Esta não tem mangas e deixa à mostra braços tão brancos como a camisa ou mais ainda, não é uma rapariga amiga de apanhar sol. E os cabelos são compridos, lembra-se agora, porque o vento os levantava e a rapariga entra na Expo pela porta Norte no meio de gente gente gente e à volta tem três amigos, que ainda tem agora, amigos de vinte anos de jantares, alguns jantares especiais de natais, não esses, mas outros, jantares de três amigos com a mesma rapariga, de coisas e coisas e coisas que aconteceram, de chaves esquecidas nos carros 24 de Julho e xixis feitos ali ao lado em árvores meio escondidas e se vocês fazem eu também faço, estás doida mas eu tapo, em madrugadas acabadas em batatas fritas dentro de pão de cachorros quentes e não comam a salada que isso é que cái mal, não são os copos…e a rapariga entra na expo e vai jantar com os três amigos ao cimo da Torre Vasco da Gama e apanham todos mais uma das grandes entre whiskies e champanhes e acabam todos a fumar cigarrinhos para rir ali no meio do restaurante e ninguém acha mal e a rapariga sabe que todas as mesas se perguntam o que é que está ali a fazer uma rapariga num jantar de homens e ela ri-se e sabe que todas as mulheres presentes gostariam de ter os mimos de três amigos como ela está a ter. E também sabe que todos os homens estão a apostar qual dos três é que irá para a cama com aquela rapariga ruiva. Não percebem nada de amizade, os espectadores das vidas felizes.
- Encontro de baby-blogues
- Dias de sorte
Não podem ver ninguém com uma camisa lavadinha é o que é 😉
Bom dia, Catarina
Ora nem mais. 😉 Bom dia Robina.
tu vens apuradíssima, amiga! as férias fizeram-te maravilhas…! faz-me mesmo falta ler-te todos os dias… 😉
Lindo….
Até me admira foi as pessoas que olhavam para vocês não vos irem cravar os tais cigarrinhos para rir…e perguntar se se podiam juntar à festa! 😉
Há coisas para as quais o cérebro médio não está preparado; e uma delas é exactamente reconhecer a amizade verdadeira entre homens e mulheres. Talvez por ser tão raro… ;-))
Fazer isso tudo e nunca perder é pose é um Dom tipico de uma Ruiva
Bom dia Cat
Gostei do texto.
O que é feita dessa rapariga?
Costumava entrar sempre pela porta Norte.
Quanto ao tema em si, estou em crer que não devemos lançar a culpa só para cima dos espectadores. Acontece também aos intervenientes. Felizmente, não a todos. 😉
PS: OldMan, não percebi essa do cérebro médio. É que há por aí muita gente a que chamaríamos acima da média a pensar exactamente o mesmo. 😉
Bom dia!
São pessoas sem amigos verdadeiros – não sabem o que isso é…que chato deve ser o dia a dia dessas pessoas, donas da moralidade…
Obrigada Lénia e unblog.
Nelson, isso não é coisa que se faça. Toda a gente faz de conta que não vê.
Oldman, até alguns cérebros acima da média (como diz mais abaixo a Duende). É verdade, talvez por ser tão raro.
Uma verdadeira girl nunca perde a pose, Ruivinha.
Sr Mofo, a última vez que soube dessa rapariga, estava a responder aos comentários no blog dela 😉
Pois acontece, Duende, até aos cérebros acima da média.;) Mas é como dizes, não acontece a todos, felizmente.
E bom dia a todos!
Concordo contigo, unblog, os dias das pessoas donas da moralidade devem ser pró chato e bastante infelizes. Mas aqui até nem é bem moralidade: é mais a clássica questão de se os homens e as mulheres podem ser amigos verdadeiros sem haver uma componente ‘saltar para a cueca’. Olha, lembrei-me agora do MEC, ele é que escreveu uma coisa sobre isso. E o RC também escreveu ‘As Irmãs da Tentação’, mas creio que nunca colocou no Pano do Pó.
Sim mas não achas estranho que essas pessoas estejam sempre a pensar será que lhe vão ou não “saltar para a cueca” como tu disseste…parece que na cabeça desse tipo de pessoas não existem muitas outras preocupações. Assim pergunto-me será inveja ou recalcamento…
Unblog, eu acho que não é bem assim. Não sei se é inveja ou recalcamento, ou inseguranças várias, em certos casos (isso será mais nos casos dos ciúmes em que uma pessoa passa o tempo a pensar que querem saltar para a cueca do parceiro). No geral é apenas uma impressão, creio eu, até que se pode considerar normal. A verdade é que, quando os nossos amigos são fisicamente atraentes, até nos pode passar pela cabeça uma vaga ideia de ‘até marchavas’ ou pelo menos uma curiosidade ‘ e como é que seria?’ mas eu sempre geri a minha vida com vários princípios básicos: e um deles é ‘na prata da casa não se toca’.
Eu casei-me com uma amiga. Durante anos pensei “é giríííííssiiiimaaaa, fantástica.. nem penses nisso… é uma amiga”… pois olha… foi ela que me saltou para a cueca… até hoje!!!! :-p
Tu percebeste o que eu estava a dizer…
Sempre tive mais amigos homens. Sempre achei mais fácil (pelo menos até os meus amigos homens resolverem arranjar mulher)…
Admito que sou um bocado radical, Fred.
Mas claro que isso acontece e ainda bem que assim é. :))
Sr. Mofo, claro que sim.
Mas a vida dessa rapariga é um blog aberto…;)
Hipatia, isso é que é o diabo, as mulheres dos nossos amigos! Que inferno quando não percebem que só somos amigas dos homens delas…mas acho que isso também passa por uma questão de (in)segurança das ditas. Eu nunca me dei mal com as amigas dos meus namorados e ainda bem que as tinham, sempre podiam ir queixar-se a elas que eu era má e tal…:DDD
Duende e Catarina, isso depende um pouco de quem os homologou como mentes superiores, ou em que permissas se basearam… 😉
Pois é. Quém está de fora numca a imagem toda, só parte do seu reflexo. E deves saber que esta é uma sociedade machista com todos o seus códigos sociais. Bem vinda de férias!
Oldman, acho que é mais uma questão de mentalidade que de superioridade de mente. Agora se me disseres que a mentalidade também contribui para a superioridade da mente, aí concordamos, mas concordamos poucos.
É como diz o Carlos, é uma sociedade machista.
Obrigada Carlos.
Acho que a insegurança delas está no comportamento dos maridos e não no das suas (deles) amigas… no meu caso noto que com aquelas que sempre foram amigas, aquelas com quem teria sido possível ter algo mas nunca tive, está tudo bem… o problema está nas novas amizades… isso sim!
Pois é Fred, casaste com uma amiga, agora o que é que querias? :DDD
Há realmente talvez uma quota parte de culpa do comportamento dos maridos – mas a insegurança das pessoas normalmente é delas mesmas. Os maridos (ou mulheres se for o caso inverso) podem contribuir para amenizar ou fazer desaparecer essa insegurança…ou não. Às vezes não é mesmo possível de tal forma está enraizada. O ciúme não é uma coisa racional.
Poderiamos chamar-lhes “post auto-foto-biográficos”.
Muito bem visto, SCita,
Talvez só não percebamos nada da vida dos outros (feliz ou infeliz) porque a tendemos sempre a compará-la com a nossa, em vez de a perceber diferente. As diferenças são apenas diferenças, e para mim é aceitá-las como tal, nada mais.
Fora isso, o texto é muito bom.
Pá, Vanus: arrasas sempre comigo, com esse teu dom de ver para lá do que é ‘self-centered’. :))))