100nada

O mundo é mesmo pequeno

Num respeitável blog que é melhor não linkar porque não sei se é de referir que aquele respeitável blogger tem Hi5, embora esteja lá escarrapachado no template, descubro que a minha irmã também tem. E a seguir descubro que toda a gente tem Hi5 menos eu. Ou quase. Isto realmente, eu a pensar que era só para a miudagem (e metem pics e tudo, é uma alegria!)



Uma questão de ética bloguística

Estou aqui com uma dúvida. Ou melhor, eu sei como é que sinto isto, é evidente que cada um pensará o que achar e o que eu penso não será, provavelmente, politicamente correcto em termos de blogs mas…mas.

Imagine-se que um autor escreve uma data de posts e as pessoas gostam, fazem referência, com link, que é não só de boa educação, mas ainda responde à licença Creative Commons, direitos de autor, etc etc. Referem, a rapaziada vai lá ler, é tudo simpático, o esforço do autor, o ou esmero, ou a capacidade de escrever, seja lá o que for, vê-se assim recompensado, o autor fica todo contente e tem mais visitas e sobe no page rank e nada disto é vergonha nenhuma: por mim, quanto mais visitas que gostem do que eu leio, melhor, ainda bem, ficamos todos felizes.

Agora imagine-se que, em vez de o leitor que gostou dos posts fazer o link e a referência no seu blog, faz isso, tudo bem, refere e diz que gosta e linka e tudo o mais e depois copia os posts todos integralmente, seguidos, inteirinhos, etc. Aí aqueles leitores que lá vão ler, já não precisam de vir ao meu blog ler. Mais: pesquisando a net, vão encontrar os meus posts que eu escrevi, aqui no meu blog e no outro blog também. Ou seja: apesar de haver a referência e o link e tudo o mais e estarem salvaguardados os direitos de autor, na verdade, aquilo que eu escrevi está a dar leitores a outra pessoa que se limitou a copiar tudo na íntegra. Levado ao extremo, até podia haver um blog igual ao meu, ou só com as melhores coisas, ou um blog dos melhores textos de toda a blogsfera: desde que se fizesse link tudo fino. É um bocado como aquelas crónicas nos jornais: aquele cronista é pago para escrever e escreve na sua crónica semanal:

“gosto muito do escritor tal: ainda ontem li um texto dele que era assim:”
(e pimba, o resto da crónica é o texto do tal escritor)

Não sei, mas há aqui um certo canibalismo canibalização que não me deixa confortável. Eu raríssimas vezes coloquei textos de outros inteiros (e antes de os meter, pergunto e explico as razões, mas normalmente quando quero guardar para mim inteiro, guardo no disco); tento sempre ter o cuidado de referir, metendo um teaser se achar que é de meter, um bocadinho do post e tal e mandar ler para o outro blog. Só assim é que me parece lógico e decente para aquele autor e só assim é que vamos conhecendo outros blogs, para além do mais.

Enfim, estou errada nisto?


Blog – chat

Já não se fazem blog-chats como antigamente, ou então sou eu que não os frequento. De vez em quando, lá nos juntamos nos comentos de um ou outro blog e iadaiadaiada, uma espécie de msn a várias mãos, mas que é público e fica ali registado, embora ninguém se lembre na altura. É isso que tem piada, quando acontece num blog.

Ontem à noite tivemos aqui uma amena cavaqueira que subia e descia nos posts, entre gargalhadas daqui deste lado e, imagino, dos outros lados que estavam a participar. Diverti-me à grande, diga-se.

Mas é muito curioso um chat num blog. Abri o contador e vi que estavam algumas pessoas a conversar (e a desconversar também!), outras caladas a verem e outras ainda que entravam e saiam em posts por pesquisas e nem sabiam que, na primeira página do blog, a animação era mais que muita. Tem piada isso, como se fosse feito de departamentos estanques. E até é. Nós sentados à mesa do café na parvoeira e a rapaziada toda a entrar, pedir biscoitos, mandar embrulhar e sair.


Contar até três, dez, mil

Hoje de manhã contei devagarinho
um dois três
cheguei ao quatro, vomitei os números em palavras, fechei o post em draft e fui à minha vida.

Quando voltei de um dia de outra vez verão, calor, sol, risos de crianças e mais coisas felizes, decidi que o melhor, nestas merdices, é não ligar. Mais, é desligar mesmo.






No semáforo vermelho

(Campo Pequeno)

Está um carro bastante velho à minha frente. Noto-lhe a matrícula, as letras em primeiro lugar, a marca depois, uma coisa qualquer, do tempo em que certos modelos eram iguais em várias marcas. Cinzento sujo. Nada a assinalar, tirando algum fumo a mais a sair do escape e estou ali a pensar na vida e nas unhas quando, de repente, aparece uma cara no banco de trás. Virada para mim, mãos nas costas do banco. E eu noto, com uma espécie de incredulidade, que tem uma chucha na boca. É um bebé, não tem mais que ano e pouco, ou até menos, quase carequinha. Eu sei que muita gente (mas vejo menos, apesar de tudo, vejo menos!) não mete cintos de segurança aos filhos, não usa cadeirinhas, leva-os ao colo quando é só “daqui para ali”, não obstante as estatísticas apontarem sempre para a grande maioria dos acidentes serem a poucos quilómetros de casa, mas um bebé?! Um bebé????

E, enquanto a minha raiva sobe, o carro arranca, o bebé vacila, agarra-se com mais força e lá vai ele, em pé no banco de trás, com a sua chucha, talvez feliz até, sem saber que a sua vida está ali presa por um fio de mero acaso, mero azar. E de total irresponsabilidade da puta estúpida da mãe dele.