100nada

Com todo o respeito que me merece a profissão

de professor, que me merece muita, os que merecem, como é evidente, pois em todas as profissões há os que e os que não que, com todo o direito à greve a que têm direito, pois claro que sim e nem ponho em dúvida, tenho, no entanto, uma pequena nota a fazer, muito pequena mesmo, nada de importante, como é evidente.

O próximo professor que me vier com a conversa que os papéis se inverteram, que as escolas são depósitos de crianças e não sei o que mais e os pais se desvincularam dos seus papéis de pais, isto porque se queixaram do transtorno que lhes causou a greve, lembro que esses péssimos pais , que depositam os filhos na escola e etc. etc., não vão rodar polegares a seguir. E que, realmente antigamente não era assim, o que acontecia era que as mulheres ficavam em casa e podiam tomar conta das crias. E só algumas crias é que iam à escola, as outras iam cavar ou servir. E que, oiçam bem,

nem só a profissão de professor é merdosa.

Façam lá as greves todas que quiserem, mas não me venham para cima dos pais. Isso de generalizar a rica vidinha dos pais é a mesma merda que eu generalizar a rica vidinha dos professores.






Resposta a comentos

Como esta porcaria resolveu encrencar para variar, o meu amigo X. , autor do post de baixo, que tentou responder duas vezes hoje e nada, responde ao PC o seguinte:

“A história passou-se há uns anitos, mais precisamente há 21. Nessa época
não precisava de correr muito rio para apanhar uma cacifada de trutas no
Paiva, na zona de Castro Daire, que então era conhecido como o rio menos
poluído da Europa. Deixei de lá pescar poucos anos depois, quando as
pocilgas começaram a matar o rio, e não sei se ainda lá existem trutas.”


"As trutas fario"

“Já agora, vou contar-te uma história verídica.

Um sujeito aí dos teus lados, outrora bem conhecido cá na Bila, andou montes
de tempos a tentar aprender a pescar trutas à mosca e não havia maneira de
conseguir apanhar-lhe o jeito. À conta disso era gozado tanto em casa – a
mulher ria-se dele de cada vez que o via “fardado” para a pesca – como na
repartição onde trabalhava. Um belo dia em que eu tinha combinado com um
ourives cá da terra fazer uma expedição predatória ao rio Paiva aparece-me o
tipo, todo equipado, para seguir connosco a convite do meu parceiro de
pescaria. Escusado dizer que nem uma truta pescou. E como nós pouco mais
fizemos e as trutas que capturei já estavam prometidas, ficou o homem sem
amostra para levar para casa. Na viagem de regresso calhou pararmos num
restaurantezito, desses de à beira da estrada, para petiscar, e o fulano
descobriu no expositor do balcão umas trutas fario que algum bombista teria
apanhado no rio e vendido ao restaurante. Vai daí teve a ideia de pedir à
cozinheira que lhe pusesse meia-dúzia delas no cacifo, para ao chegar a casa
poder dizer à mulher que tinha tido um dia em cheio. A cozinheira fez-lhe a
vontade e ele passou o resto da viagem a antecipar a cara de espanto da
esposa.
Chegado a casa a mulher ficou tão espantada ao sentir o cacifo pesadote que
nem queria acreditar. E ele então contou em pormenor como tinha apanhado a
truta maior num sítio assim e assado, mais outras duas numa correntezita,
outra numa pocita que nem dava para acreditar que estivesse lá uma truta
desse tamanho, enfim, deu um festival de tretas. Depois pediu à esposa para
amanhar e temperar as trutas de modo a comê-las no dia seguinte, ao almoço,
assadas no forno com batatinhas.
A mulher lá levou o cacifo para a cozinha e instantes depois vem de lá com
cara de gozo e espeta-lhe com esta:

– Ó filho, não te posso assar as trutas porque elas já vêm fritas :))

A ingénua (ou esperta?) cozinheira do restaurante tinha frito as trutas
antes de as meter no cacifo :))”

X.