Às vezes penso em toda esta malta, furiosamente a escrever e a debitar posts atrás de posts, resmas e resmas de bites, daqui a um dia já ninguém lê: serve para quê?
Não sei, há mais e melhores maneiras de perder tempo, provavelmente…
A minha net está uma merda
E não consigo ler blogs nenhuns, ou quase. Olha, paciência, leio noutra altura…não há urgência que não possa esperar pelo menos 15 dias.
Urban Paranoia
Quando parei no semáforo, a minha vida virou filme de suspense e terror. Claro que o mundo estava na mesma, mas já hoje de manhã tinha visto uns sinais: o trailer da coisa. Aconteceu quando encontrei um lugar para o carro à porta do sítio onde tinha de ir. Isto é estranhíssimo, pensei eu e fiquei a olhar à volta, mas não havia nenhuma grua a largar um pedaço de betão armado exactamente naquele lugar nem me pareceu ver nada no chão que pudesse indicar uma mina ou armadilha: estacionei. Mas a medo. Fugi do carro pela rua acima, sem olhar para trás, sempre à espera de ouvir a explosão. Não se ouviu nada e quase que me senti pior. Sabia que, não sendo naquele momento, seria mais tarde. Mas quando voltei o carro estava na mesma e não explodiu quando abri o cinzeiro. Pelo sim, pelo não, não abri o porta-bagagens. Mais tarde, de certeza que seria mesmo mais tarde.
Foi quando parei no semáforo. O homem gordo de camisola suja começou a andar na direcção do meu carro. Suspeitei logo dele porque trazia uma camisola grossa e, com o calor que estava, só podia ter alguma coisa por baixo, para além da enorme barriga. Quando estava quase a chegar ao pé da minha janela – subi o vidro – desviou e disfarçou e foi meter alguma coisa que trazia na mão (não consegui ver bem o que era, por não querer olhar directamente, mas pareceu-me um papel) num caixote do lixo ali perto. Era de certeza um envelope com indicações secretas, amachucado para ninguém desconfiar. Depois passou muito devagar por trás do carro e atravessou a rua. Continuei a vê-lo pelos espelhos, alternando entre cada um dos dos lados e o do meio e quase falhei o contacto que entretanto já estava na mesma esquina onde o homem gordo tinha parado primeiro. Este era totalmente suspeito: muito magro, com uma barba ruiva, cara de eslavo (mafia russa? as ligações do futebol, está tudo explicado, pensei eu, está a soldo do caramelo dono daquele clube que me escapa o nome agora, cujo treinador é aquele homem giríssimo do casaco armani); tinha vestido um fato de treino castanho claro, com meias beje e All Stars nos pés (a bota não dizia com a perdigota, como se nota). E um boné com a bandeira de Portugal. Um eslavo com as quinas coladas à testa num dia como o de hoje? Hum…só undercover, no mínimo.
Quando se virou a falar ao telemóvel (um gizmo dos que se abrem, última geração, com máquina fotográfica, equipamento de escuta, gps, ubp, xvo e raio laser), saltou um imenso fio de ouro da gola. Uma corrente grossa e comprida, completamente arma branca (de certeza que o fecho era em bola de metal com picos mas não se conseguia ver). Comecou a andar em direcção ao carro e eu a tentar olhar para todos os lados ao mesmo tempo. Atravessou a rua tal como o homem gordo, no mesmo sítio. E, enquanto o semáforo não mudava e eu o ia vendo, tal como ao homem gordo, no mesmo sítio, a ligar outra vez e a fazer outro telefonema, vi à frente, na mesma esquina o terceiro do grupelho: sei isso porque apesar de estar muito bem disfarçado de pessoa normal, com um fato verde vómito e uma gravata meio dourada a brilhar de fibra sintética ao sol, atendeu o telemóvel. Tive então a certeza absoluta que o dia ia correr mal. Arranquei assim que o semáforo dos peões mudou para vermelho, só queria era pirar-me dali para fora. Mas tenho a certeza que o Honda Civic que veio sempre sempre sempre atrás de mim na fila e que tinha dois homens de fato escuro e camisa branca no banco da frente e duas raparigas no banco de trás e os quatro estavam todos a mastigar pastilhas com as bocas a ruminarem em movimentos iguais (o do lugar do morto tirou também uns macacos do nariz, olhou para eles, abriu a janela e deu um piparote para o ar, mas ficaram colados ao dedo e esteve a abaná-lo um bocado). Nunca mudaram de faixa e viraram para o mesmo lado que eu.
Quando estacionei à porta de casa vi o último sinal que me deu a certeza absoluta: havia um vizinho a passear o cão; o bicho fez os seus cocós na rua e ele não apanhou nada: isso não é de estranhar, o que é de estranhar é que fosse ao fim da tarde quando eles e os cães só aparecem depois da meia-noite.
Sei que está qualquer coisa para acontecer, com todos estes sinais. Não sei o que é. Tranquei as portas e fechei as janelas todas. Daqui a bocado vou buscar a Uzi e despejar uns cartuchos pela varanda. Pelo sim pelo não.
De boas intenções e essas coisas todas…
(faz-se um gajo de forte para não se transformar numa miúda pequena de lágrima ao canto do olho – ou até já tendo encharcado um lenço ou outro – só a pensar, que queridos, que queridos)
É minha séria intenção (e aqui o anuncio solenemente) escrever um post de agradecimentos como deve ser. Eu juro que vou tentar. Com links, com comentários, com respostas, com tudo e tudo e tudo. Juro que tento. Palavra. É o mínimo não só da boa educação, mas principalmente por terem sido todos tão amáveis, queridos, simpáticos, ah sei lá, já estou a atrofiar…
(lá para o Natal é capaz de ficar pronto)
Mas agora mudemos de assunto:
Hoje mostrei o DN aos meus pais. Ao mesmo tempo contei sobre o sucesso do post ali de baixo, aquele que tem um tudo nada de palavras menos próprias…o meu pai só me disse ‘setenta e duas vezes?’ e a minha mãe fez de conta que não tinha ouvido nada ‘filha, agora estou a ler isto…’.
É o que me vale.
Nota: não deixar o miúdo ler o blog antes dos 18 anos.
Meio abananada
Muito obrigada.
(eu depois agradeço decentemente mas agora tou assim apardaladinha)
The meaning of life and blogging against time
Menos de meia hora para escrever um post fresquinho, cheio de significado, que não é todos os dias (nem todos os blogs) que chegam aos dois anos e eu paradinha da silva a olhar para o MT com cara de parva a pensar, que raio escrevo eu agora?
É a vida de um blogger, ao fim de dois anos: que raio escrevo eu agora? que não tenha escrito antes, que não tenha sido escrito antes. É o problema dos blogs generalistas, intimistas, diarísticos, o que lhe queiram chamar. Uma pessoa vai escrevendo por ali fora, mas pensa muitas vezes, o que é que eu escrevo agora ou a outra versão mas que coisa é que eu estou a escrever agora? Um pouco uma inutilidade, no fundo, um exercício de futilidade, manter um blog como este, onde parte dos dias andei a matar a cabeça para conseguir escrever mais uma banalidade que tivesse um mínimo de originalidade, de graça, de sentido ou de falta dele, que tivesse qualquer coisa parecida com interesse. E que fosse a coisa mais simples do mundo, eu e o meu culto do minimalismo, da coisa que parece fácil, de olhar para mim e para o mundo com algum riso sempre à mistura, de tirar partido do lado ridículo, do lado parvo de tudo. O meu blog e os dois anos na blogsfera permitiram-me isso, todos os exercícios de escrita que me apeteceram, todas as gargalhadas que dei a escrever as maiores alucinações, todos os pontapés que dei no blog e na vida. É giro.
E, no entanto, um blog é uma coisa séria. Cresce e aparece e torna-se um grande chato, uma entidade com uma personalidade sua que não é bem a nossa, é assim mesmo ali ao lado, mais um certo tom que o mesmo som. A porcaria da coisa foge um bocado ao nosso controlo, ganha vida própria, quase que se escreve sozinha. Não me admiraria nada de tirar férias e no regresso encontrar posts 100nada escritos por criaturas (minúsculas, vestidas de verde, com capacetes com antenas e rádios às costas) que vivem nos editores de textos, escondidos entre os posts. É um assunto sério, este, tema para um post que agora até me estava a apetecer escrever, que já estou cheia de ideias sobre isso. Mas lá terei de gramar escrever este post e colocá-lo exactamente à meia-noite (e quem diz exactamente, diz mais uns minutos que qualquer coisa há-de correr mal, é típico) e os meus leitores terão de gramar com a leitura da coisa (ou fazer de conta) e alguns até creio que possam tentar encontrar alguma coisa obscura escondida pelo meio das letras. Não posso dizer se há ou não: nunca sei onde vão parar os meus posts. São escritos na ponta dos dedos. E como sou eu que os escrevo, também tenho a parte boa de não os ter de voltar a ler (salvo excepções em casos concretos que a isso me obrigam). É que, até agora, tudo isto sempre teve uma característica que a mim me agrada: é imediato e efémero, é um risco na areia molhada, um desenho que se desenha sabendo que passa e que se pode arriscar (e bem faço um esforço para não ter medo das palavras, de algumas que me assustam, por me soarem a falso, a enfeite, a pechisbeque pires, quando talvez não fossem se estivessem num contexto certo, mas enfim…)
0:00 – 19.05.05
Curioso. As coisas que acontecem em dois anos e que passaram também por este blog. Estão cá todas escritas embora já nem eu as entenda quando as leio.
Aiiiiiiiiiiiiiiiii! Outro não, outro não!
foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se foda-se quem é esse gajo bezerutsinifnitcaralhososfodamtski hã? quem é esse gajo zirkonadafamiliatodaov hein? que caralho é esta merda? três? quem foi o estropício agora? Onde está o Ricardo? Para que raio eu me preocupo? Wagner Love os tomates!!!!
Crlho, tamos fodidos, é o que é.
Sinais estranhos de clarividência
Está a acontecer-me uma coisa esquisitíssima: entro em blogs que não estão actualizados na minha lista, leio o último post e, quando volto à lista, vejo-os a actualizarem-se no minuto seguinte. Já é o terceiro ou quarto que acontece…ó meu Deus, estou a adivinhar coisas, estou a adivinhar coisas! (já venho, vou só entregar o boletim do euromilhões.)
Oh que simpáticos!!!!
Blogue do dia no DN! Muito obrigada!