100nada


Tende pena de mim, pá!

Eu sei, agora devia ir-me aos comentos e responder daqui até às duas da manhã e não é que em teoria não me apeteça. E não é que não seja mais do que merecido por estes meus comentadores, os melhores de toda a blogsfera, que aturam esta falta de resposta sistemática minha. Mas, caneco. Um gajo trabalha, sai do trabalho para o supermercado, empilha o carrinho, enfia a tralha no carro, vai buscar a criança à escola, chega a casa e carrega vinte sacos, arruma o conteúdo de vinte sacos, faz o jantar, três máquinas de roupa, banho da criança, jantar, arrumar cozinha, estender roupa, brincar um nadinha, deitar menino, lembrar da mochila da praia, dobrar a roupa já seca da véspera e arrumar, varrer migalhas, dobrar lençóis de elásticos, adiantar o jantar de amanhã (temperar costeletas de pato e lavar cogumelos – alguém me arranja uma ideia do que fazer com essas duas coisas?) e finalmente sentar-se, coisa que aconteceu há um cigarro atrás.
Eu sei, é a vida de toda a gente e gosto imenso da minha. Mas não me obriguem agora a responder a comentários, ok? Eu depois respondo um dia destes. Ainda tenho trabalho até às quinhentas e não dá mesmo.

Love you, guys!



Em algum lado se tem que traçar o risco sobre o verão

Confesso (embora até tenha vergonha, face aos protestos generalizados): eu gosto de calor. Eu adoro calor. Se calhar sou friorenta, admito. O que é certo é que, aos trinta e seis graus, sou a única pessoa que está na rua com um casaco para não ter frio nos ombros; e as pessoas fazem uma cara muito estranha quando digo que tenho dormido muito confortavelmente, debaixo de um edredon de penas.

Mas o risco tem que ser traçado (sendo aqui esta a palavra-chave) em algum lado: que este calor me dê vontade de beber ainda mais copos de água, parece-me aceitável. Que esses se bebam de um só trago, razoável. O que não se admite é a puta da traça resolver antes tomar banho no copo.



Chamada não atendida

Era como estava o meu telemóvel que não existe. Como não existe, não preciso de andar com ele e deixo-o em casa, a acumular saldo obrigatório. Tinha uma chamada não atendida de número não identificado. E um recado que fui ouvir.
O recado era assim
brrbrbrbrbrbrbrbrbrthsshshshsbrrbrbrbrbr
um recado estático, portanto.

Passado um bocado tocou. Número não identificado. Fiquei a olhar e a pensar pronto descobriram-me com aquela história dos ovnis, estou lixada. Mas como sou curiosa, lá carreguei na tecla e disse, sim, com voz assim de quem não quer a coisa, nem fui eu, nem vi nada, luzes no céu? aviões por certo!
Mas não era nada disso.
Do lado de lá disseram-me assim:
– Cecília?
Pois é verdade. Cecília. Vejam lá a coincidência.
Eu não sou Cecília e só conheço uma Cecília. Mas não era para ela.
Era para a Cecília que eu não era. Ou então, não sendo, era para casa da Cecília.
Para casa, note-se, um número de telemóvel.
Nâo, disse eu, também não é a casa da Cecília. É engano.
Mas não está em casa?perguntaram e eu
agora vem a parte dos ovnis, queres ver
repeti, não, é engano.

Já vai em mais de dúzia (para efeitos do post, porque na realidade foram só três) de telefonemas iguais. Mas agora são outra vez estáticos. Acho que é a máquina deles a tentar localizar-me.


Estou insuportável

(até para mim mesma, que é uma coisa raríssima e praticamente nunca ataca o meu metro e noventa de ego)

A verdade é que a Etelvina nova (precisamos urgentemente de um nome para a Etelvina nova) é uma data de cemporcentos acima da clássica; despacha tudo o que é preciso em menos de um ai (vá, meia dúzia de ais a 6 euros cada), mas, tal como todas as Etelvinas

tenho aqui uma garrafa de ice tea directa do congelador para o calor: é com cada estalo que até ferve, já apanhei uma data de sustos

tem lá as suas coisas

é que estive a ver um daqueles poirots mais assustadores

e esta tem a coisa de enrolar fios. Enrola e arruma.
Ora eu, apesar da casa-arrecadação, não tenho (ainda) o hábito de deixar fios assim por aí. Todos os fios que deixo têm nas pontas coisas úteis como transformadores para carregar telemóveis e pilhas das máquinas digitais, cabos usb,

cabos usb. Desapareceu. Tenho centenas de megas na máquina para descarregar e o cabo, vai para uma semana, foi enrolado e arrumado.
Atenção que arrumado não é no sítio: o sítio dele é desarrumado. Arrumado é num sítio. Pode ser qualquer sítio.
Meia hora a procurar o cabo, não encontrei.

Sentei-me, maldisse a minha vida e estendi a mão para um cinzeiro redondo que custa imenso a lavar porque pesa uma tonelada e serve para guardar, xacáver, um isqueiro velho, duas embalagens de bonecos dos kinder, amarelas, uma perna de power ranger
tudo isto se passa na minha secretária
uma mini tartaruga ninja de ovos kinder-tartarugas-ninjas, uma caixa de creme para os lábios, uma tampa de caneta, meia dúzia de clips e uma tampa preta de parece de uma ponta de qualquer coisa electrica.
Nada de cabo usb.

Mas o cinzeiro, reparo eu, está alto.
(este cinzeiro estaciona do lado direito do meu monitor, vejo-o todos os dias)

O cinzeiro está encaixado em cima da spinner de cd’s que eu corri tudo para encontrar.
Isto não me está a correr nada bem.
Nada bem mesmo.


Ora então (dois-em-um, ou mesmo três)

testada que está a lista dos agradecimentos (descaradamente gamada do Anarca), abote-se a coisa aqui no tasco.

Quanto aos esclarecimentos sobre a panela bimba uns posts abaixo. Tá aqui o site, a coisa é cara como tudo (mas tem umas prestações porreiras) e não faz nada que uma 1-2-3 e mais uns tachos e um fogão não façam. A questão é que faz tudo ao mesmo tempo. Pica e corta e mexe e cozinha e pesa e tanto faz gelados como sopas, cozinhados ao vapor, guisados, enfim, é um robot de cozinha que poupa tempo e espaço. Eu cá estou contentíssima com ela, mas já a conhecia. Daqui a umas semanas darei conta do que faz e se continuo contente.

Esta parte do post é dedicada em especial ao Joaquim Varela que já perguntou o que é meia dúzia de vezes e ao Turno da Noite que até se comoveu quando aqui viu a referência à coisa.

O três-em-um, xamecá contar até dez e depois encolher os ombros.