100nada



Sinergias é isto, certo?

Abro uma toneira, água zero. Telefono para as avarias. Respondem do lado de lá que acabaram de saber e o piquete já vai a caminho. Pergunto o que é: uma ruptura na rua assim e assado. Passei por lá hoje; realmente vi umas obras no meio da estrada…pois é mesmo aí. É uma ruptura do cano da água provocada pela EDP a arranjar uns fios…



E afinal está tudo aqui:

Andei eu o dia todo a tentar – em certa medida, em vão – a tentar explicar isto:

“A pornografia é uma exacerbação da violência associada ao acto sexual e por mais feia, inestética, insensível que seja, não deixa de ser um possivel contacto com a nossa animalidade. Talvez a humanidade seja a única que pode dar um sentido estético e ético à aventura sexual e essa experiência talvez passe por uma libertação sexual sem limites. Para isso é importante que exteriorizemos. Não só ao ouvido da nossa parceira ou do nosso parceiro quando o fodemos, também aqui, através da escrita. “

O resto, absolutamente na mouche, maravilhoso. No respirar o mesmo ar.


Às vezes pergunto-me

Às vezes pergunto-me onde andarás tu? Que ainda respires e te mexas, é quase estranho pensar nisso; egocentrismo da minha parte, por certo, achar que quem desaparece deixa de respirar e de se mexer, que morra, enfim, já que morre para mim. Apanho-me assim, numa altura qualquer, às vezes pode ser uma altura propícia até, uma árvore, o cheiro de uma bolota de eucalipto a desfazer-se na mão, uma nota de Bach, um livro emprestado que nunca te devolvi, as cuecas que cá deixaste (espero que não te façam falta). Mas não me sobram tantas alturas propícias (talvez preferisses ser relembrado frente a um mar batido mas calha também ser a estender a roupa ou a mexer a eterna sopa que esteve sempre ao lume enquanto exististe) e não te posso dizer que seja sempre numa altura bonita. É quando apareces, calha assim: surpreendo-me por existires sem linhas que te prendam a mim, que respires e te mexas (nada indica que tenhas pifado), surpreendo-me ainda mais que existas neste preciso momento em que te escrevo, que estejas algures no mundo a viver. Acho sempre isso esquisito, que queres, sabes perfeitamente que sempre fui uma criatura para quem o mundo termina ali adiante, só chega onde o olhar alcança, depois disso, nada, nem sequer me interessa. Não me interessas, confesso. Nem tens rosto já, ou tens vários, como lerás nas minhas palavras, quando aqui vieres à minha (e à tua) procura, como sei que continuas a vir. Hás-de encontrar-te já misturado (é assim que as coisas são, quando passam a naturezas mortas) e eu estranho que aqui voltes se estás morto e pergunto-me, nessas alturas em que me lembro de ti, onde andarão tu?


Também quero marrar contra este mistério!

Ora bem.
Um tipo, que não é nenhum menino na poda, dá-lhe uma travadinha, ou porque está chateado com o dia que não lhe está a correr bem, ou com a carreira que está a chegar ao fim e não está a ser como queria, ou porque lhe doem as cruzes, ou qualquer coisa, enfia os cornos no peito de um fellow player. É crescido, sabe o que está a fazer, ou não sabe, passou-se. Acabou.
Foi feio, foi totalmente inesperado, foi alucinante, mete num chinelo todas as rasteiras, cotoveladas, pancadas, pontapés e demais amabilidades que este mundial nos proporcionou. Pelo menos, sendo à má-fila, não foi escondido: vários milhões de pessoas abriram a boca de espanto e trataram de baixar os pontos dos píncaros onde o tinham colocado (até eu…).

Agora, o tipo faz merda. Não andem por aí a limpá-la com a história da carochinha de um insulto do italiano. Até parece que tudo aquilo é nice shot old chap e afins, que nunca se insultam nem nada…ora. Santa paciência para esta operação de limpeza e desculpabilização.