Pairar ou aparvalhar
Não me lembro (digo-te já) e é por isso que (te) falo desta forma desligada, como se tivesse acontecido a outra pessoa (era outra pessoa) porque é isso que acontece, somos aquela pessoa e depois deixamos de ser. E é por isso que
é preciso cristalizar aquela pessoa naquele momento
porque depois deixa de ser. Claro que deixa de ser também pelo momento em si e essa parte é um violento deixar de ser e um gajo nunca sabe se, não tivesse acontecido aquele momento, deixaria de ser, lá está, provavelmente seria um longo processo de erosão (esse é inevitável, as pessoas vão-se partindo e colando os bocados de outra maneira, acrescentam aqui e ali, emendam falhas, até se desfazerem) mas
nunca percebi aquela necessidade de cristalização até (me cristalizar lá atrás) (me) ter acontecido a outra pessoa, que era eu mas agora já não era.
(olha sabes) quando dizemos “quem me dera que o tempo parasse aqui e agora?”
é isso mesmo. Pára ali e naquele momento.
Mas nós (infelizmente? felizmente?) não.
“Provavelmente seria um longo processo de erosão”. Ou não (porque, quando menos se espera, as pessoas reinventam-se – quer dizer, pode acontecer, não pode? as pessoas reinventarem-se para as outras, nascerem de novo e isso…).
no fundo, cristalizar também é uma maneira de fugir com o rabo à seringa.
é claro que, muito tempo depois, ainda bem que fugimos, olha que bem que estamos agora, livres de angústias seminais. 😉 mas ficamos para sempre sem saber. e isso é um bocadinho fodido (sem saber nunca esquecemos).
Reinventam-se, claro, mas deixam sempre de ser aquela que se queria ali cristalizada. Não outra, nem reinventada, só aquela ali, tal como estava.
Ah isso claro, é uma fuga (para a frente para uns, acho que outros cristalizam ali e ficam assim parados no tempo e na vida, mas esses são os loosers :D)
Pois, um gajo não se esquece, mas o que fica, sinceramente, pouco mais dá que bons posts 😉 (ou mesmo maus posts :D)
Bons posts, definitivamente, alembrar todas as que já fui e cristalizaram …
beijuka