Pano branco

(imagem daqui)
Percebo que se tenda para o zero. Tem piada isto. Cada vez que penso nisso, penso – acho que já escrevi isto, mas a malta com a idade tende a ficar repetitiva – naquelas telas brancas (ou pretas, ou amarelas, ou verdes, reparem não escrevo vermelho, mas isso é uma questão de bola que não vem aqui agora ao caso)
eu acho que não fica lá muito bem os travessões e depois os parênteses, isto em duas linhas, mas estou cansada e quem achar que faz melhor, pois esteja à vontade, que eu vou continuar o meu post
não tenho visto nada nos semáforos senão gente a atravessar-se com eles vermelhos para os peões, acho que a pré-primavera causa uma espécie de death wish nos transeuntes
naquelas telas brancas (vou escolher o branco para ilustrar a minha imagem, gosto mais, é mais vazio, sim, ausência de cor, eu chego lá) que supostamente são o culminar da carreira de um pintor que pinte telas brancas. Estou a vê-las daqui, ainda cheias de casinhas e vacas malhadas e comboios a vapor lá ao fundo, uns chapéus de flores de pano, lá no fundo do tempo, ainda de faculdade talvez e depois, os anos a passarem e ir desaparecendo o comboio e as vacas e passarem a ser malhadas as casas e os chapéus já misturados e
decidi agora que as flores de pano são brancas e, no fundo, crescem nas pinturas ao longo do tempo. Já só há mesmo flores de pano e no fim, no último quadro, antes da fama ou já depois dela, já não existe senão pano, tela branca. Tudo o resto, as flores de pano, as vacas e os comboios e as margaridas e papoilas e a estação que nem se vê mas que se adivinha e as pessoas que olham para os relógios e as outras que atravessam ruas à frente dos carros por estarem em cima dos horários e depois o próximo só daqui a uma hora, tudo isso ainda dentro do pintor que olha para o seu quadro de pano branco esticado numas madeiras com uns agrafos.
É assim que eu olho para o que (não) escrevo. (e repare-se que o quadrinho inicial não era nenhuma coisa do além, mas eu essa parte na boa)

olha não sei. Vês muito bem seja como for. Fui apanhada por uma chatice de uma sopeira que se espalha que desabafo e me arrasto na net pelo tanque tenho de lhe dar dois socos e evitamos essas coisas até sempre preciso. Então quando te apetecer passar lá, ou ver aceso no bloglines, o novo é este (espero que fique o link).
Beijinhos
gosto muito destes posts, da colecção 100nada vintage.
design, pá, design. corrige lá aí.
Espectáculo … já nem sobram os pontinhos “à la Miró” … eu a mim, às vezes, a contece-me o simples distanciamento … achar que aquilo ali. não fui eu que escrevi … foi outra …
Beijuca
um belo exemplo do que é utilizar a intuição, muito bom
e acho bem que não tenhas lido algo que não era para ti 😛