Lugar aos mais pequenos: ABC

Já tinha lido no blog do Eduardo uma referência aos blogs infantis, que pouca gente lê. E o comentário da Paula Moreira:
“…se as pessoas soubessem a alegria das crianças quando têm comentários, iam lá escrever uma tontice qualquer só para eles ficarem felizes.”

Parece-me, também a mim, que os miúdos que têm blogs devem ser incentivados a escreverem mais, e lidos nem que seja para entender o que vai nas cabeças deles.

Vou aqui contar uma história:
No Natal dos amigos, entre os presentes que recebi, um dos melhores foi do S. (que fez 12 anos no dia 29 de Fevereiro). Um conto de dez páginas. Ele escreveu, imprimiu, encadernou e ofereceu aos amigos todos da mãe, que nos disse, isso é mesmo dele, eu não tive nada a ver com isso, só li. Eu fiquei parva. O conto era mesmo bom. Uma aventura com uma dose de mistério (cães desaparecidos), com ingredientes de saídas pela janela de noite para investigar, ladrões, amigos, conversas, tudo aquilo muito bem escrito. E achei tão fora de série, quando a grande parte dos amigos do meu sobrinho, que tem quase a mesma idade, querem é saber de cartas de iugui não sei das quantas e jogos para o game boy advanced, que acho que coisas assim devem ser parabenizadas (como raio se escreverá isto?) e incentivadas.

Portanto aqui vai o link para um blog conjunto que acabou de nascer: o ABC. Vão ler, linkem, ajudem estes miúdos a escreverem coisas, porque, quando nós todos estivermos na categoria Blogs Casa de Repouso Unidos da Blogsfera, eles é que andarão aí.

PS: Esqueci-me de um detalhe, ainda sobre o incentivar miúdos a escrever. Pode parecer um bocado cagança minha, mas é só para explicar a alegria que é, para uma criança, que se goste do que ela escreve:

Só fui ‘publicada’ duas vezes. Tinha aí uns oito, nove anos e mandei duas histórias para o suplemento infantil de um jornal. Não disse nada a ninguém, escrevi uma carta a acompanhar as histórias, fui ver a morada ao jornal, meti tudo num envelope, mandei e fiquei à espera.

Duas semanas depois, a história mais pequena apareceu num cantinho do suplemento. Fiquei contentíssima, mostrei aos meus pais, foi um sucesso. Fiquei com um bocado de pena que não tivessem gostado da outra, mas paciência…na semana seguinte, agarrei no suplemento cheia de pressa, virei as páginas, nada.
Até olhar para a primeira página: estava lá a minha história. Fiquei aparvalhada primeiro, completamente histérica depois. Ainda me lembro da alegria que foi.
Foi o auge da minha carreira de escritora. Ainda hoje me orgulho imenso disso.

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