100nada

9 anos

Há cinco que escrevo todos os anos nesta data. Fui reler os posts do babyblog, assistir ao crescimento dele (e ao meu). Não passo esta data em branco neste blog mas, não é que não houvesse mais para dizer – há tanto, há sempre tanto! – se calhar, este ano, digo para dentro. Digo a quem está perto. E digo-lhe a ele – sempre – nos abracinhos de menino mais lindo do mundo, de main mais linda do mundo. Digo-lhe no papel com que ainda hei-de embrulhar o presente. Digo-lhe no lanche que lhe meto na mochila, nos calções que dobro no fim da noite porque amanhã é dia de educação física. Digo-lhe na pizza a correr porque não há jantar feito, na borracha que falta no estojo, no lençol que se volta a entalar quando o aconchego antes de ir eu para a cama, no roupão que ficou caído. Digo-lhe na lista dos livros e a forrar cadernos pretos com desenhos recortados das séries favoritas e na preocupação com o último ano do primeiro ciclo e na decisão para onde irá depois. Digo-lhe no casaco que insisto que vista de manhã, quando começa a ficar fresco e em limpar bem as orelhas depois do banho. Digo-lhe nas noites de inverno que passo em branco a ouvi-lo tossir sem poder fazer mais nada, nos braços vazios quando chega o fim das férias e os dias juntos e o vejo tão contente a entrar na escola outra vez. Digo-lhe na mão que lhe dou na rua e que ele ainda aceita sem vergonha, nas conversas antes de dormir, nas respostas às centenas de perguntas que aparecem nos momentos menos próprios. Digo-lhe até nos dias em que estou cansada e respondo torto e não tenho paciência para tanta coisa toda seguida, mas nesses dias às vezes digo-lhe menos bem. E, quando ele responde “nunca tens tempo” sei que me está a dizer que precisa de mais e é apenas isso que falta, que me falta e tento. Tendo e às vezes vou conseguindo. Às vezes, crescemos mais devagar que eles, demoramos mais tempo, talvez. E depois, para o poupar (a esse tempo que nos falta) despachamos e agora não podemos e daqui a bocado e já vou ver isso depois e tenho a sensação que depois também não vai haver tempo e mais tarde pode até nem ser preciso. E é isso, tento. Ter tempo, porque ele passa num instante e são 9 anos e foi assim, zuuuuuuuuummmmm, nem dei conta e já está quase mais alto que eu, calça mais que eu e faz anos. Parabéns, meu amor, meu filho (pequenino) já tão grande.

29 thoughts on “9 anos

  1. 1gota

    Parabéns ao R.!

    Um beijinho especial para ti que és A main!

    (e a pena que eu tenho de não poder seguir o teu babyblog e a doçura do R.)

    Beijinho grande.
    :*

  2. Arlinda

    :’)
    Já passaram cinco anos chefinha?? Parece que foi ontem… mas cinco anos é tempo mais do que suficiente para mudar uma vida inteira! :)
    Parabéns aos dois!

  3. Moura

    Andamos nós aqui há umas dezenas de anos e aparecem estes bisnicos de palmo e meio para nos dar lições (d)e vida todos os dias…
    Muitos parabéns, aos nove anos do R e da Main.

  4. Zu

    Muitos parabéns ao R. e à Main! Lá fiquei eu emocionada com o post (sinto tão igual), e com saudades vossas. Beijos dos 3.

  5. ZaraTraste

    Ena… como o tempo passa… parece que foi ontem que nos encontramos no Grafanil, eu magala maltrapilho do pós 25A, tu ainda uma piolhita moncosa que estavas ali sem saber como nem porquê…
    O tempo passa depressa e nunca temos tempo para nada mas há uma coisa que não devemos esquecer: nunca mais recuperamos o tempo que não dispensamos aos filhos na altura certa.
    Mais uma vez é tarde mas… parabéns ao teu pimpolho.

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