100nada

o som da escrita selvagem

Oiço ao longe. Não interessa que esteja perto, porque podemos colocar o som onde quisermos. Se eu quiser posso virar o mundo do avesso, de pernas para o ar e andar a fazer o pino o tempo inteiro, basta escrever mundo do avesso de pernas para o ar e fazer o pino o tempo inteiro e já está, virei-o ao contrário. É tão simples. Ou é da hora ou parece-me ter descoberto qualquer coisa que já deveria ter descoberto há muito tempo. Não preciso de arrumar nada, não preciso de colocar nada no sítio certo, não há regras. No fundo, sei que sim, que é isso que vou fazendo, mas nunca com tamanha convicção de que basta isso. Não é preciso mais nada, só deixar correr os dedos sobre as teclas. Com sorte, serão as certas. Com sorte, alguém ouve o mesmo som. Mesmo ao longe.
Mesmo ao longe.

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